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Desenvolvimento da Aula

4. O corpo como mercadoria

O desejo de felicidade dos indivíduos na atualidade, independentemente de sexo, raça ou posição social, vem sendo mesclado pelo conjunto simbólico das mercadorias. Entretanto, o despertar para esse anseio, assim como a felicidade concretizada pela posse de um objeto, tem significados particulares. Traços da personalidade individual, contexto cultural (regional e local), condição socioeconômica, valor de uso da mercadoria e eficiência no uso das mensagens publicitárias são fatores que podem influenciar na escolha de um produto ou na definição de seu valor simbólico para o indivíduo.

No caso do presente estudo, parece-nos relevante indicar que a felicidade almejada, ao menos na sociedade ocidental, passa, substancialmente, pela condição corporal das pessoas. O corpo físico bonito, jovem e atraente virou um requisito de sobrevivência, uma espécie de obrigação a ser cumprida com direito à culpabilização daqueles que não se entregam a esse fim. A clássica frase que representa bem esse fato e que circula na mídia é: “Só é gordo e feio quem quer, quem não se cuida ou é desleixado”. É notória a padronização de ideais estéticos para o corpo que são propagados, mas também completamente equivocados por desconsiderarem toda a subjetividade humana.

No período após a Revolução Industrial, Foucault (1987) vislumbrou que a nossa sociedade do lucro passava a investir diretamente no corpo. Verificamos que, até algum tempo atrás, o lucro gerado pelo investimento no corpo se dava por aquilo que o recobria, que o abrigava, que o enfeitava: roupas, cosméticos, filmes e revistas. Mais recentemente, o lucro é extraído diretamente do corpo, sem que se percam os lucros anteriores. É o corpo que nos querem vender. É a mercadoria que pretendemos comprar. O corpo virou “o mais belo objeto de consumo”.

Segundo Foucault (1987) houve, durante a época clássica, uma descoberta do corpo como objeto e alvo de poder. Havia uma grande atenção dedicada ao corpo que se manipula, modela-se, treina-se, que obedece, responde, torna-se hábil, ou cujas forças se multiplicam. Nesse período, era conveniente a difusão e a apropriação do imaginário de corpo-máquina, visto que esse imaginário possibilitava o desenvolvimento e a propagação da força de trabalho indispensável ao desenvolvimento do sistema capitalista