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Desenvolvimento da Aula

4. O corpo como mercadoria

4.3. Continuação

O mundo, que o espetáculo faz ver, é o mundo da mercadoria, dominando tudo o que é vivido. Seu movimento é idêntico ao afastamento dos indivíduos entre si e em relação a tudo que produzem. O consumidor real torna-se consumidor de ilusões. A mercadoria é essa ilusão efetivamente real e efetivamente imaginária, e o espetáculo é sua manifestação geral.

Propaga-se, então, a concepção de corpo-mercadoria que se volta especialmente para a venda de imagens corporais de sucesso. Na cultura do consumo, a conquista do corpo almejado é condicionada objetivamente, assim como qualquer outra mercadoria. É nesse momento que as formas se misturam, se fragmentam, tornam-se virtuais, tendem ao desaparecimento, gerando fantasmas mais que corpos. Não é mais apenas o corpo que interessa ao capitalismo, mas a imagem e a mercadoria desse corpo. Logo, o capitalismo, na busca da ampliação de novos mercados, encontra nas imagens e na concepção de healthism (Crawford, 1980) do corpo uma vendável mercadoria.

No entanto, muitos esquecem que a realidade corporal não pode ser negligenciada como algo efêmero ou fluido. A realidade corporal é o local onde se depositam as fantasias, as sensações, os desejos, o real e o imaginário, ou seja, toda a subjetividade humana. Consumir o corpo a qualquer custo é uma forma de desconsiderar todos esses aspectos e retomar uma visão cartesiana de máquina onde apenas se reproduz uma determinada realidade exposta.