Texto de Léa Tiriba: Boletim Salto para o futuro nº 4 – 2008 |
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O corpo na escola |
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Entre os séculos XVII e XIX ganha força a ideia de uma separação entre mente e corpo, uma das bases sobre a qual se fundou uma ciência e uma civilização que hipervalorizaram a racionalidade e o trabalho, em detrimento de outros caminhos de conhecer e modos de viver, buscando suprimir todas as outras formas de conhecimento relacionadas à existência carnal dos seres humanos: os sentimentos, a imaginação, a intuição, o conhecimento sensual, a experiência. O objetivo desta série é o de debater e questionar uma lógica de funcionamento escolar ainda orientada pelo pressuposto de que “Penso, logo existo”, máxima do pensamento racionalista, que inspira e define, ainda nos dias de hoje, propostas pedagógicas e rotinas escolares. |
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(...) Em todos os espaços, chama a atenção a formalidade, o vazio de referências infantis, não há objetos, brinquedos, desenhos das crianças... A organização é semelhante a das escolas de ensino fundamental: pequenas carteiras enfileiradas, mesa de professora ao lado do quadro-negro... Num prédio reformado, de pintura brilhante, limpeza caprichada, crianças de três para quatro anos assistem, enfileiradas em pequenas e coloridas carteiras escolares individuais, a uma professora que se esmera em explicar-lhes noção de conjunto. O que mais impressiona é o formidável empenho e a delicadeza da professora em sua intenção de ensinar conceitos matemáticos, ali no quadro-negro... As crianças, desconfortáveis e desengonçadas nas carteiras, apenas repetiam suas palavras: “Quantos elementos têm aqui? Trêeeees.......!!!” Depois desta atividade, exercícios no papel. Na sala ao lado, crianças bem menores, algumas ainda bebês de 1 ano e pouco, cercadas por todos os lados das mesmas carteiras coloridas. Do lado de fora, no pátio da escola, um colorido parque infantil, que as crianças desfrutavam por um período diminuto em relação ao longo tempo em que permaneciam na creche. Lá fora, depois da cerca, os campos, as árvores, os animais, o sol, as nuvens o vento... (Observações feitas em escola infantil da área rural de um município do Rio de Janeiro - 21/05/01). |
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