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Desenvolvimento da aula - Leitura de Artigo


O corpo humano é mais do que um portador do texto mental

Numa sociedade marcada por controle e racionalidade, os movimentos de liberdade e expressividade das crianças assustam os adultos. Amarrados ao império do relógio, ao tempo da produção, estamos aprisionados aos próprios esquemas, ou melhor, aos limites que nos foram impostos, na vida escolar, na família, no trabalho. Tendo aprendido a engolir os desejos, são estes mesmos esquemas que necessitamos reproduzir, através das normas que pretendemos impor às crianças, modelando os gestos e, simultaneamente, aquietando o espírito. Pois, corpo e espírito não estão separados, o que é ação no corpo é, necessariamente, ação na alma (Espinosa,1983).

                                                                                                                                                                                                                                                                                         


“Há, em todos os lugares, como que a obsessão do controle, que perpassa todos os nossos comportamentos adultos com relação à criança; precisamos sentir-nos donos da situação, ter presentes todas as alternativas que a criança poderá escolher, porque só assim nos sentiremos seguros. A liberdade da criança é a nossa insegurança, enquanto educadores, pais ou simples adultos, e, em nome da criança, buscamos a nossa tranqüilidade, impondo-lhes até os caminhos da imaginação” (Lima, 1989, p.11).


Mas o desejo conspira... Na visão do filósofo Charles Fourier (1772-1837), porque ele não tem outras alternativas, outros caminhos para satisfazer-se! Torna-se, assim, um subversivo permanente, “que trabalha de maneira infatigável na desorganização da sociedade, desrespeitando todos os limites colocados pela legislação” (Konder, 1998, p.17). Isto acontece por uma questão de sobrevivência física e espiritual. O desejo persevera porque, oprimido, se manifesta como sintoma, como doença, do corpo e da alma, pois, “toda paixão estrangulada produz uma contrapaixão tão maléfica quanto a paixão natural seria benéfica” (idem, p.19).