Atualmente, é mister perceber a pluralidade que envolve o corpo a partir dos avanços tecnológicos advindos de redes de computadores, a presença marcante da mídia e as transformações corporais causadas por horas desenfreadas de atividade física, anabolizantes, implantes, cirurgias plásticas, lentes de contato, próteses e medicamentos... Para SANTANA (2002), corpo, tecnologia e mundo trocam suas experiências, por isso são caracterizados como sistemas abertos. A constante troca entre estas três dimensões favorece suas próprias modificações. Complementando esse pensar, CARDOSO (1997) aborda que enquanto se discute, de um lado, o “desaparecimento” do corpo nos espaços virtuais, de outro, a mídia o torna fortemente presente. Sem entrar nesta questão, pode-se dizer que hoje, de fato, ele está bastante exposto e exaltado em suas formas, motivo pelo qual seu poder ressalta sua base biológica e fisiológica. |
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A biologização do corpo ganha manchetes de jornais, revistas, outdoors, anúncios de TV. Nelas se reproduzem os discursos da saúde, atividade física, moda, dieta, cirurgias plásticas... Como trata SANT’ANNA (2000, p. 81) “mais sutil e difuso do que um poder que reprime e aliena, há exercícios de poder em que o corpo, em vez de ser maltratado, é adulado, e em vez de ser negado, é colocado no centro das atenções, das problematizações médicas, dos questionamentos da mídia e da cultura”. Nas academias de ginástica, calçadões e clubes são explícitas a exposição e a busca de um corpo padrão presente na mídia: saudável e belo. Essa realidade é reflexo de programas de televisão, Internet, revistas masculinas e femininas que criam a cada dia um estereótipo do “corpo em forma”. Corpo que propaga “saúde” e beleza padrão, vende um ideal “atingível” por meio de atividade física, dieta, lipoaspiração, implante de silicone etc. Daí, o crescimento quantitativo de academias de ginástica, produtos dietéticos, cirurgias plásticas... |
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A saúde, revestida no discurso da beleza, ludibria as pessoas tornando-as compulsivas, muitas vezes. Elas “correm” para a atividade física, pois aí está a salvação, como foi no século XIX. O pior é que o efeito pode ser contrário! O encontro com profissionais de Educação Física costuma reforçar o mesmo discurso de controle do corpo na relação: atividade física e saúde/beleza. Recentemente, o corpo desfrutou de uma reversão de valores que se inicia com a ascensão na cultura de consumo e um lugar na crescente era tecnológica e informatizada, gerando significados sociais (WILLIAMS E BENDELOW, 1998). O corpo na modernidade é convocado pela mídia e pelas relações de consumo para vender estilos de vida saudáveis, como nas propagandas da eterna jovialidade, a erotização do corpo e o sexo desenfreado que produzem a compulsão e a “escravidão” da atividade física. |
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Corroborando os autores supracitados, FEATHERSTONE (1996) afirma que se forja um ambiente para as pessoas se verem envolvidas pelo consumo do corpo (acréscimo nosso). Desencadeia-se uma relação de “dominação” na busca pelo produto desejado (corpo saudável) e, consequentemente, criam-se estilos de vida pouco naturais. É a fome de consumo, do “querer mais” atividade física. Desconsideram-se os limites do próprio corpo para torná-lo mais musculoso, viril, sensual, esbelto e jovem. Características de saúde para a mídia. Luta-se por uma inclusão num grupo em que as pessoas detenham tal perfil para trazer-lhes benefícios sociais, pessoais e profissionais, e ainda revelar o nível sócio econômico. |