Em busca da imagem ideal assume-se e almeja-se, explicitamente, as técnicas que transformam o corpo. Forma-se paulatinamente uma legião de “cyborgs”. Provavelmente, os personagens de Matrix e de Gattaca já saíram das telas do cinema, da ficção científica e apresentam-se como uma realidade, pois os avanços biotecnológicos possibilitam a manipulação e transformação dos corpos. Estes personagens já existem no esporte de alto nível, presentes e crescentes em cada olimpíada. Os atletas submetem-se a procedimentos anabólicos para atingir resultados e superar seus limites corporais desprovidos de atitude ética. O corpo é manipulado para alcançar o pódio, através do discurso em que se proclama: esporte é saúde. O interesse é outro: poder, status e dinheiro. O contexto é crítico à medida que a beleza do esporte passa a ser controlada pelos interesses sociais, políticos e econômicos. Recorre-se então à ciência. De um lado, ela busca desenvolver exames antidoppings mais eficientes; de outro, procura meios de aperfeiçoar os tipos de doppings existentes para que também não sejam identificados. E assim o corpo é violentado por um ideal que, geralmente, não pertence ao atleta e sim à economia do país, aos patrocinadores e aos meios de comunicação de massa. O atleta é ingênuo? Aparentemente não, na verdade, ele é livre para decidir ser “escravo” e “vender saúde” com a própria imagem. O corpo está sendo transformado a partir de práticas sociais, culturais e tecnológicas. O ser humano modifica seu modo de viver, que sustenta a validade de sua imagem corporal e suas práticas originais. Mas, ressalta-se que as mudanças e transformações envolvendo a compreensão do corpo, atualmente, estão sendo focalizadas pelas interações socioculturais, históricas e biotecnológicas. O corpo na modernidade é destaque. As informações sobre ele crescem a cada dia. Vive-se o momento em que o corpo tem sido conscientemente explicitado, modificado, polemizado, explorado e comercializado. A mídia, especificamente, passa a propaganda da vida homogênea e uniforme a partir de um corpo esbelto e saudável, através da atividade física. A singularidade de cada indivíduo não pode ser esquecida, tampouco industrializada e massificada, “vendida” em academias de ginástica, spa, clubes e escolas. Isso seria a perda da identidade humana, enquanto ser corpóreo em sua essência e existência.
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