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Curso: | Construção do Texto - Estratégias para a Comunicação Oral e Escrita - TURMA 1 |
Livro: | O texto técnico |
Impresso por: | Usuário visitante |
Data: | quinta-feira, 21 nov. 2024, 22:08 |
O texto técnico
O texto técnico dever ser conciso, coerente, ordenado, impessoal e objetivo.
Para isso, deve-se atentar para alguns procedimentos em sua estruturação.
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Estrutura |
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Uma vez que cuidemos da estrutura, devemos tratar das etapas que utilizamos para escrever qualquer texto, inclusive o técnico. As etapas são praticamente as mesmas que você já viu para o planejamento do texto argumentativo, apenas procuramos, aqui, adaptá-las mais estritamente ao texto técnico.
Antes de começar, propriamente, a escrever, é importante fazer um planejamento. Essa etapa consiste, basicamente em:
Depois de termos definido, dentro de um assunto, o que e como vamos dizer a respeito, é hora de colocar o planejamento em prática.
Todos já conhecemos as famosas “partes do texto” – introdução, desenvolvimento e conclusão. Apesar de parecer clichê, todo texto tem, de fato, de ser construído com essa estrutura, já que buscamos clareza, eficácia e resultado.
2.1 - Introdução
A introdução é o momento do texto em que captamos a atenção de nosso leitor. Nesse momento, interagimos com ele, com o tema de nosso texto e trabalhamos para que também o tema e o leitor interajam. Assim, precisamos, nesta etapa:
Em geral, a introdução é sucinta. Em textos técnicos, ela deve ser breve, porém, deve trazer o assunto de forma clara e atraente.
2.2 - Desenvolvimento
O desenvolvimento é o texto propriamente dito. É no desenvolvimento que estão as informações que queremos expor. Por essa razão, em um texto técnico, é importante optar por estratégias que facilitem a leitura dessas informações. Uma delas consiste em segmentá-las.
Há algumas maneiras de se fazer essa segmentação:
2.3 - Conclusão
A conclusão tem o objetivo de sintetizar os pontos mais relevantes do que foi escrito. Para isso, deve-se retomar o objetivo principal do texto, articulando-o a tudo o que foi apresentado.
Há várias formas de se elaborar uma conclusão:
Não basta que o planejamento e a execução do texto sigam à risca os métodos preconizados pelos especialistas em construção textual. Um texto deve ser lido e relido antes de ser apresentado. Devemos nos lembrar de que, se nosso texto não ficou claro para nós, dificilmente ficará claro para o leitor.
A revisão de um texto não precisa ser, necessariamente, uma tarefa solitária. Pode-se solicitar que algum colega faça uma leitura prévia para, então, ajustar os problemas.
Além disso, não se pode deixar de lado a forma final do texto: diagramação, sumário, paginação correta, anexos, enfim, tudo quanto seja necessário para que possamos considerar que temos, em nossas mãos, a versão final do texto.
A seguir, disponibilizamos um artigo científico para ser tomado como exemplo:
Eloiza Gomes de Oliveira
Educação, Tecnologia, Material Didático, Comunicação e Interatividade
O conceito tradicional de EAD – traduzido como Ensino à Distância - está presente no Brasil há várias décadas como uma modalidade educacional caracterizada pela distância espaço-temporal entre professor e aluno. O processo ensino-aprendizagem em EAD, até então, baseava-se na utilização de material didático organizado praticamente só em papel, que funcionava como o principal mediador entre educador e educando, tornando-se elemento principal do processo, com predomínio da informação sobre a formação, sob o enfoque da instrução programada.
Os cursos oferecidos, até então, objetivavam, habitualmente, a formação profissionalizante, de nível técnico. O público alvo eram trabalhadores de classes populares que não tiveram a oportunidade de concluir seus estudos freqüentando a escola tradicional. Esse fator, somado à evidência de que as instituições responsáveis pelos cursos não tinham, como prioridade, a qualidade dos cursos oferecidos, levou o Ensino à Distância a tornar-se sinônimo de formação desqualificada, não podendo ser, por essa razão, considerado compatível com a formação de bacharéis nas universidades. Esse histórico, por si só, torna necessária a distinção entre ensino à distância e educação à distância, entre treinamento e formação. Para nós, ensino e educação não significam, necessariamente, a mesma coisa.
O caráter do material didático, especificamente na EAD, é um elemento chave na construção do conhecimento, visto que é responsável pela aproximação entre professor e aluno.
Na perspectiva de ensino, ele é elaborado, geralmente, sob a forma de um texto cuja significação está sujeita a vários fatores, como, por exemplo, a parcialidade, uma vez que, ao se trabalhar com material escrito, trabalha-se, em conseqüência, com a abordagem de um autor sobre o assunto, o que significa que o que chega ao aluno é, quase sempre, uma determinada visão do assunto. No ensino tradicional, a informação fornecida em um texto chega sob a forma de verdade absoluta. Não são admitidas interferências, não há troca de informações e a transmissão se dá de forma monofônica: o professor detém aquele saber, e a ele cabe, por intermédio do texto, transferi-lo ao aluno.
Visto sob este prisma, o material didático, em veículo tradicional, só gera demanda de interatividade em caso de dúvida, reforçando a relação em que o aprendizado se dá na direção professor-aluno, desprezando a riqueza das oportunidades de aprendizagem advindas das relações aluno-aluno. A comunicação e as trocas entre os educandos possibilitam um aprendizado muito mais amplo e rico, fazendo com que o aluno cresça por conhecer não só o ponto de vista do professor, mas também as experiências de aprendizagem de seus companheiros de curso. A soma de todas essa informações possibilita ao aluno um acréscimo em seu capital cultural e desenvolve uma consciência crítica capaz de realizar as escolhas corretas, visando a um desenvolvimento sócio-cultural e à viabilização de uma efetiva construção de conhecimento.
Levando em consideração os aspectos abordados, concluímos que a diferença de enfoque na produção do material didático influi no tipo de proposta de curso EAD e, a partir disso, na qualidade do aprendizado e da formação do aluno.
Como deve ser, então, o material didático para EAD do futuro? Sabemos que, se elaborado desprezando o aspecto formativo, as relações entre alunos e a experiência pessoal de cada um, os resultados serão insatisfatórios e desqualificadores, o que nos abre outra questão: o que a EAD deve “ensinar” ?
Essa é uma questão ampla e, para respondê-la, devemos considerar que ainda não conhecemos uma parcela significativa dos conceitos que utilizaremos daqui a vinte anos. A velocidade com que caminham a ciência e a informação é alta e extremamente modificadora, o que nos faz crer que os fundamentos que edificarão o conhecimento futuro ainda não foram construídos hoje. Na prática, devemos evitar a solidificação de um conceito de EAD que tenha como base a informação e a mera transmissão de conhecimento. Cabe-nos, então, estabelecer novos parâmetros que possam se configurar como norteadores de uma perspectiva de EAD que forme um cidadão e um profissional apto a enfrentar os desafios que estão por vir.
A elaboração do material didático deve acompanhar essa nova perspectiva, que não descarta a informação, mas transcende o mero transmitir. O material didático para EAD precisa desenvolver as habilidades que permitam ao aluno adquirir, ao longo da vida, outros conhecimentos, de forma móvel e dinâmica. É necessário desenvolver no aluno bases sólidas que lhe permitam utilizar toda a informação que ainda está por vir, somada às que ele já possui. Centramo-nos, então, no desenvolvimento das habilidades lingüísticas, que lhe permitirão relacionar-se com os outros, estruturar seu pensamento, ler o mundo e submeter isso a todo capital cultural que ele traz consigo, a partir do qual se processará o novo conhecimento que ele vai receber. Quanto maior seu capital cultural, mais possibilidades de realizar uma interface entre o antigo e o novo. Por último, são necessárias habilidades cognitivas que permitam a categorização, a associação, a transferência e a análise que culminarão na construção de um novo conhecimento.
Tais argumentos sedimentam a idéia de que o material didático – como toda a Educação contemporânea – deva estar alicerçado numa concepção baseada no aprendizado do aluno, levando em conta não só a transmissão de informação, mas também o conjunto de experiências que ele traz, as experiências vividas por outros alunos, a posição do professor sobre o assunto, de forma a obter um material polifônico, onde uns aprendem com os outros, e todas as vozes se tornem uma só voz, a do conhecimento compartilhado, construído em comum, onde deixamos de educar individualmente, para educar coletivamente.
O processo de construção de conhecimento se assenta, ainda, em peculiaridades sobre o modo como cada um aprende, e por isso, em um ambiente educativo, é preciso buscar a diversificação de estratégias para assegurar a construção de desafios possíveis. Diversificar estratégias, criando ambientes corporativos que levem ao desenvolvimento de competências comunicativas, que permitam uma maior facilidade de compreensão e expressão de idéias e conceitos, reforçando a perspectiva de que o saber se constrói e se partilha, pode ser um fator de motivação para alunos e professores.[1]
Deparamo-nos, então, com duas perspectivas distintas de elaborar um material didático: a primeira, presa a uma antiga concepção de Ensino à Distância, tem como foco principal a transmissão da informação; a segunda, dentro de uma perspectiva sócio-construtivista, enfatiza o conhecimento. A concepção de um material polifônico, que objetive o real aprendizado do aluno, certamente se refletirá na disposição dos conteúdos, que pode ser gradativa modular; seqüencial ou em rede; autocentrada ou policentrada.
Um conteúdo gradativo é aquele oferecido de forma linear, onde as novas informações dependem do entendimento das informações anteriores, formando uma cadeia cujos pontos de partida e de chegada são estabelecidos pelo professor, que, ao invés de se comportar como mediador no processo de construção do conhecimento, torna-se a única fonte do saber. Esse processo, onde o indivíduo aprende e, sozinho, demonstra saber, segundo Vigotsky, ao contrário do que possa parecer, não é um indicativo satisfatório de desenvolvimento mental:
Nos estudos do desenvolvimento mental das crianças, geralmente admite-se que só é indicativo da capacidade mental das crianças aquilo que elas conseguem fazer por si mesmas. Apresentamos às crianças uma bateria detestes ou varias tarefas com graus variados de dificuldades e julgamos a extensão de seu desenvolvimento mental baseados em como e com que grau de dificuldade elas os resolvem. Por outro lado, se a criança resolve o problema depois de fornecermos pistas ou mostrarmos como o problema pode ser solucionado, ou se o professor inicia a solução e a criança o completa, ou ainda, se ela resolve o problema em colaboração com outras crianças - em resumo, se por pouco a criança não é capaz de resolver o problema sozinha, a solução não é vista como indicativo do seu desenvolvimento mental. Esta "verdade" pertencia ao senso comum e era por ele reforçada. Por mais de um década, mesmo os pensadores mais sagazes nunca questionaram este fato; nunca consideraram a noção de que aquilo que a criança consegue fazer com a ajuda dos outros poderia ser, de alguma maneira, muito mais indicativo de seu desenvolvimento mental do que aquilo que consegue fazer sozinha.[2]
Uma disposição dos conteúdos que leve em consideração a experiência anterior de cada indivíduo exige uma outra forma de organização, como a que se estrutura em módulos, que não precisa obedecer uma seqüência pré determinada e que permite ao aluno iniciar seu aprendizado por aquele que lhe parece mais próximo, mais fácil, ou seja, por aquele em que sua experiência anterior encontra um terreno mais fértil sobre o qual fixar suas âncoras. Depois de concluído o primeiro desafio, o aluno ganha incentivo e poderá utilizar-se de experiências do grupo e da sua própria para realizar os outros módulos. O conteúdo gradativo é automaticamente seqüencial, o modular não, embora no interior de cada módulo apresentem-se pequenas células de conteúdo, encadeadas entre si. Isso se traduz num fator que induz à interação é à utilização de recursos multimídia, como áudio e vídeo, que possibilitam o aprendizado em conjunto, e também de recursos interativos que permitem as trocas entre alunos.
Dentro desse panorama, entendemos que a educação à Distância não pode se realizar sem a interação, processo pelo qual o indivíduo é afetado pela presença do outro, e que se dá através da colaboração, da crítica, da análise diferenciada, da presença de um outro ponto de vista. A verdadeira interação culmina em uma mudança de concepção, em uma construção de conhecimentos a partir da reflexão e da crítica. Trata-se de uma interação que se dá em ambientes cooperativos, onde é possível a aprendizagem significativa.
Tornar a interação uma realidade dentro da EAD parecia impossível, até que o advento e a popularização da tecnologia permitiu a proximidade entre pessoas em espaços virtuais, ou seja, em outro lugar, mas agora. Já havia um ganho considerável com a TV e o vídeo, por incorporarem ao material didático a possibilidade da imagem, potencializando a clareza e contribuindo de modo inequívoco para a maximização das potencialidades significativas, despertando, dessa forma. o interesse do aluno. Tais ferramentas devem ser utilizadas de forma a incentivar a reflexão crítica e a possibilidade de escolha; mas a Internet abre um novo horizonte e cria novos paradigmas para a discussão, na medida em que permite a comunicação em tempo real.
É evidente que podemos utilizar as mídias dentro desses dois panoramas distintos, porém, como educadores, devemos nos preocupar em não construir um material centrado em nossas reflexões, e sim em oferecer ao aluno, através delas, diversidade de opiniões que venham a somar-se com aquilo que ele já sabe, oportunizando o compartilhamento dessa experiência reflexiva. A partir deste ponto, teremos a construção de um novo conhecimento, que é, simultaneamente, coletivo - porque todos os alunos tiveram acesso não apenas às mesmas informações, mas ao conhecimento construído pelo outro, ao longo do processo -, e individual - visto que é resultante da capacidade de cada um de estabelecer pontes cognitivas com seus conhecimentos prévios.
Para que o aluno construa conhecimento - nosso principal objetivo - é necessário disponibilizar ferramentas que possibilitem a interação, de acordo com as metas traçadas dentro dessa perspectiva. A Internet “concretiza a possibilidade de apropriação e de personalização da mensagem recebida, da reciprocidade da comunicação (...) na virtualidade"[3]. Por meio de fóruns, de listas de discussões, de salas de aula virtuais, de espaços para realização de trabalhos em grupo e de espaços de pesquisa compartilhada, incentiva-se a troca de informações entre os alunos, provocando a socialização do conhecimento.
Na EAD de ontem, tínhamos apenas o uso de um material textual -- a apostila, enriquecida, quando muito, da imagem estática, desenho ou fotografia -- e a interface entre professor e aluno se dava através de carta ou telefone, e, muito modernamente, por fax. Trabalhava-se, portanto, com a comunicação exclusivamente entre professor e aluno. Hoje, temos o uso de um conjunto enorme de mídias, a imagem dinâmica -- perfeita, em CD ou DVD --, a fala em tempo real, a troca, de acordo com o momento e a necessidade de cada um, através do e-mail, do chat, do fórum e listas de discussão, num movimento contínuo e múltiplo que atinge a todos os elementos envolvidos na aprendizagem.
No fórum, uma questão é proposta e todo o grupo se coloca diante dela e, a partir daí, diante da fala do outro, criando, assim, uma perspectiva de comunicação múltipla entre sujeitos em ambientes distintos. A sala de estudo com o mesmo propósito, mas sem uma questão provocativa, é um espaço mais aberto a novas questões, e onde os alunos têm liberdade de estudar, juntos, à revelia até mesmo da presença do professor, como as turmas da educação presencial. Os e-mails, por meio do qual o aluno pode se comunicar com outro aluno ou com o professor, preservam uma instância comunicativa mais íntima, individual, um a um. Já a lista de discussão é utilizada para comunicação simultânea com todo o grupo. Enfim, o aporte tecnológico permitirá o atendimento das necessidades de cada aluno nas mais diferentes situações comunicativas, em ambientes análogos aos viáveis na educação presencial.
Uma nova questão que vem sendo demonstrada em nossas pesquisas é o uso de suporte informatizado com um forte impacto sobre o nível de envolvimento do aluno com o objeto da aprendizagem, contribuindo de forma relevante para um desempenho satisfatório. As novas relações estabelecidas com o saber passam por uma mudança cultural, diante de uma nova perspectiva de construção de conhecimento, a partir de redes digitais e novas tecnologias, que possibilitam o desenvolvimento de habilidades cognitivas, ressignificando, dessa forma, as possibilidades de compreensão, de criação, de cooperação e de interação, quando veiculadas em ambiente de rede.
"Não se trata aqui de utilizar a qualquer custo as tecnologias, mas sim de acompanhar consciente e deliberadamente uma mudança de civilização que está questionando profundamente as formas institucionais, as mentalidades e cultura dos sistemas educativos tradicionais e, notadamente, os papéis de professor e aluno. O que está em jogo na cybercultura, tanto no palco da redução dos custos como no do acesso de todos à educação, não é tanto a passagem do presencial para a distância e, tampouco, da escrita e do oral tradicionais para a multimídia. Ë sim a transição entre uma educação e uma formação estritamente institucionalizada (escola, universidade) e uma situação de intercâmbio generalizado dos saberes, de ensino da sociedade por ela mesma, de reconhecimento autogerido, móvel e contextual das competências".[4]
É evidente que surgem dificuldades para a implantação de um sistema com esses contornos, e localizamos uma das maiores na própria figura do professor, o que, em termos de EAD, envolve, igualmente, o tutor. É necessário que o docente abdique de sua antiga posição, que é a de transmissor do saber, para, em conjunto com os alunos, se tornar o elemento que, por ser mais experiente, vai coordenar as ações das quais derivarão a aprendizagem dos alunos, das quais emergirá a construção do conhecimento. É preciso que ele esteja disposto a não só oferecer, como também a fomentar a troca de informações e de experiências, para que dessa associação possa surgir um conhecimento que se incorpore a todos os envolvidos.
De uma outra ordem, mas não menores, são as dificuldades de elaboração do material didático pelo docente. Caberá a ele não apenas elaborar um material que abre espaço à participação coletiva, como também que se permita incorporar a experiência, o texto, o material produzido pelos alunos, que será compartilhado por todos. Assim, é difícil fazê-lo abandonar a concepção de professor como a única fonte incontestável do conhecimento, e, pior, como a única referência para o aluno. Abordar estas questões é lidar não só com problema de ordem pedagógica, mas também psicológica, como a vaidade, a intolerância e, principalmente, o medo de não ser mais necessário, como se a máquina pudesse substituí-lo de alguma forma. Torna-se evidente que o professor deve abandonar essa atitude e assumir uma postura democrática, daquele que organiza as propostas e traz à cena as discussões, de principal responsável pela mediação das relações entre o grupo.
Se a figura do professor, que elabora o material didático, fornece as bases para a concepção do curso, a figura do tutor, que gerencia o processo de aprendizagem, lidando com as dificuldades à medida que aparecem, passa a adquirir relevância inimaginável frente aos processos tradicionais.
A formação do tutor se torna elemento fundamental para que ele deixe de ser um mero "tirador de dúvidas" e passe a ser um incentivador da aprendizagem. O que se propõe no âmbito do grupo de pesquisa é a possibilidade de o tutor vivenciar o processo como aluno, passando por todas as etapas e percebendo as possíveis dificuldades, tornando-se capacitado a minimizá-las. É preciso, também, que este profissional tenha uma formação teórica sobre o conteúdo do curso.
Existem, também, dificuldades tecnológicas de vários tipos, desde o fato de um grande número de alunos ainda não possuir computador, até um despreparo estrutural para lidar com a tecnologia, passando pela falta de uma rede estável e economicamente viável para uso em larga escala.
O material on-line deve estar elaborado da forma mais clara possível, e ele mesmo deve possuir mecanismos capazes de solucionar dúvidas, indiciando ao aluno como prosseguir. Além disso, se faz necessária também a presença de um tutor preparado para solucionar dúvidas, embora não seja esta, evidentemente, sua única função.
Um material didático de qualidade para EAD deve ser aquele com um caráter formador e não instrutivo, que em seu planejamento possibilite as intervenções, as críticas, os questionamentos, que use diferentes mídias e que seja posto em execução de forma democrática, aceita por todos. Nesse sentido, a própria elaboração desse material prescinde de características que o possam tornar afeito aos objetivos que vimos traçando até então. Para que haja interação e, conseqüentemente, questionamentos, é necessário que o material criado para EAD parta de dois pilares de sustentação: a clareza e a comunicabilidade. A primeira diz respeito à elaboração da fala que se dirige ao aluno. Tudo quanto se diz deve ter o objetivo de ser compreendido, abandonando, de uma vez por todas, o hermetismo que, durante tanto tempo, assegurou ao mestre a imagem de detentor do saber. A segunda alicerça-se na própria noção de educação à distância. Na medida em que o presencial é substituído pelo virtual, é de suma importância que o material provoque a interação, o que, sem comunicabilidade, não ocorre. A comunicabilidade, portanto, é o constante diálogo entre o material e o leitor, de modo que a interação fique assegurada. É importante, igualmente, que o material seja constantemente reavaliado, de modo a assegurar seus objetivos. Para tanto, sua preparação deve se dar a partir de um conjunto de definições prévias, obtidas a partir dos seguintes questionamentos: que conhecimento se deseja que o aluno construa? Que habilidades desejamos que o aluno desenvolva? Em que ambiente de aprendizagem isso acontece? Que estratégias - ferramentas serão necessárias? Em que momento cada estratégia será acionada?
Finalizando, devemos ter em mente que não há mais lugar, na EAD atual, para que a única forma de elaboração do material didático seja autocentrada, com um caráter instrutivo não baseada na interação, entre tutor e alunos e entre alunos e alunos. Uma nova idéia para tratarmos de material didático, é aquela que reconhece que o material em si não é apenas aquele exposto pelo professor através de textos e imagens, mas sim produto da contribuição de todos os alunos e suas vivências.
REFERÊNCIAS:
Levy, Pierre. Cibercultura. Paris, Odile Jacob, 1999. Tradução disponibilizada on line em http://www.fae.ufmg.br/catedra/
ORTIZ, S.S. Perspectiva construcionista em EAD: Estudo de uma possibilidade. Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro, 2002.
VILLARDI, Raquel. Desenvolvimento de Sistema Interativo para Formação Docente, Rio de Janeiro, 2000.
VILLARDI, R; OLIVEIRA, E G.; GAMA, Z.J. Educação à Distância: possibilidades e entraves à democratização do acesso à educação superior pública, gratuita e de qualidade no Brasil. Revista Advir, Rio de Janeiro.
VYGOTSKY, Levy S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
[1] (ORTIZ, S.S. 2002)
[2] (VIGOTSKY, L. 1989)
[3] (LEVY, P. 1999)
[4] (LEVY, P. 1999)
O artigo apresentado possui todas as etapas textuais exigidas para o tipo de texto técnico por ele representado.
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