Definição |
Regência verbal é a relação que se estabelece entre os verbos – termos regentes – e os elementos que os complementam – termos regidos. Devem-se diferenciar os verbos que não precisam de preposição obrigatória dos que precisam de, além de determinar a preposição correta para os que estão nesse último caso. |
8.1– Verbos com regências diferentes e diferentes sentidos
verbo |
Regência e sentido |
Exemplo |
aspirar |
Respirar, cheirar – sem preposição. |
Aspirou o ar da montanha. |
Almejar, desejar – com preposição a. |
Aspiramos a uma vida melhor. |
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assistir |
Prestar ajuda, assistência – sem preposição. |
O enfermeiro assistiu toda a cirurgia. |
Ver, presenciar – com preposição a. |
Na sala de parto, assistimos ao nascimento de nosso sobrinho. |
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implicar |
Acarretar – sem preposição. |
Sua atitude implicou sérias consequências. |
Amolar, chatear – com preposição com. |
Ele implica com todos os alunos. |
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proceder |
Ter fundamento – sem preposição. |
A observação feita por ele não procede. |
Ter origem – com preposição de. |
Sua tristeza procedia dos últimos acontecimentos. |
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visar |
Mirar, dar visto – sem preposição. |
Visou o alvo. Visou o cheque. |
Desejar – com preposição a. |
Visava a um alto posto. |
8.2– Verbos regidos por preposição obrigatória
Verbo |
Regência correta |
Exemplo |
Forma incorreta |
Chegar, ir |
Com a preposição a. |
Chegamos ao clube. Fomos ao clube. |
Chegamos no clube. Fomos no clube. |
Obedecer, desobedecer |
Com a preposição a. |
Obedeço ao meu superior. |
Obedeço meu superior. |
Preferir |
Com a preposição a. |
Prefiro sorvete a chocolate. |
Prefiro sorvete do que chocolate. |
Responder |
Com a preposição a. |
Respondi ao chamado do chefe. |
Respondi o chamado do chefe. |
8.3- Verbos com diferentes regências e mesmo sentido
Verbo |
Regências |
Exemplo |
Lembrar |
Com pronome SE e preposição DE. |
Lembrei-me de seu nome. |
Sem pronome e sem preposição. |
Lembrei seu nome. |
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Esquecer |
Com pronome SE e preposição DE. |
Esqueci-me da festa. |
Sem pronome e sem preposição. |
Esqueci a festa. |
8.4- Uso do acento grave indicativo de crase
A palavra crase significa fusão, junção.
Em Língua Portuguesa, a crase é a fusão das vogais idênticas a + a, indicada, graficamente, por meio do acento grave à.
A abordagem da crase juntamente com o estudo da regência verbal justifica-se pelo fato de haver vários verbos regidos pela preposição a, exigindo, dessa forma, a indicação gráfica da crase.
8.4.1- Casos de crase obrigatória
Caso |
Exemplo |
Na indicação de horas – se, ao trocarmos esse número por meio-dia, obtivermos ao meio-dia, utilizamos a crase. |
Chegou à uma hora em ponto. (Chegou ao meio-dia em ponto.) |
Na expressão à moda de, mesmo que essa expressão esteja subentendida. |
Fez um gol à Pelé. Fez um gol à moda de Pelé.
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Nas expressões adverbiais femininas.
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Chegaram à noite.
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Quando o complemento do verbo regido por preposição a for introduzido por artigo a ou pronome a ou aquele(a). |
Contaram àquela aluna toda a verdade. |
8.4.2- Casos em que nunca se usa crase
Caso |
Exemplo |
Diante de palavras masculinas.
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Não assisto a filme de terror.
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Diante de verbos.
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Estou disposto a estudar.
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Nas expressões formadas por palavras repetidas. |
Ficamos frente a frente.
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Diante de palavra feminina plural, sem o artigo definido.
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Refiro-me a pessoas interessadas.
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Diante de pronomes não são antecedidos por artigo.
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Isto não interessa a ninguém.
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8.4.3- Casos de crase facultativa
Caso |
Exemplo |
Diante de nomes próprios femininos.
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Não me refiro a (à) Lúcia.
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Diante de pronomes possessivos femininos.
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Obedeço a (à) minha consciência.
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Depois da preposição até.
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Fomos até a (à) sala de reuniões.
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8.4.4- Com nomes de lugares
Caso |
Exemplo |
Com o verbo ir – se, com o verbo vir, usa-se o artigo antes do nome do lugar, com o verbo ir será feita a crase.
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Vim da Itália. Vou à Itália
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Se, com o verbo vir, não se usa o artigo antes do nome do lugar, não haverá crase com o verbo ir. |
Vim de Portugal. Vou a Portugal.
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