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Desenvolvimento da Aula

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3. Cultura do consumo

A força dos movimentos de contracultura surgidos nos anos 1960 e 1970, mesmo provocando mudanças profundas na ordem social vigente, não foi capaz de conter o furor da cultura do consumo que então se afirmava. Assim, chegamos ao início deste século com um sentimento universal e inquestionável relativo ao poder do efêmero e da ilusão dos objetos, ou melhor, das mercadorias. Essa sensação prismática deve-se à sequência de elementos e acontecimentos que vieram ocorrendo ao longo das últimas décadas.

Nesse processo, o indivíduo, para se adequar à lógica industrial, é submetido à manipulação de suas necessidades pelo sistema que as transforma, quase sempre, em falsas necessidades individuais. A grande velocidade de produção cria o imperativo de um rápido escoamento dos produtos, fomenta um forte consumo por parte da população, dando a impressão de que, sem este, o sistema ruiria. Por uma construção cultural, o homem unidimensional com suas necessidades predeterminadas, transforma-se em apenas mais uma peça da maquinaria social, destinada a consumir cada vez mais. Essa grande necessidade de consumo, apesar de criar uma euforia inicial, acaba trazendo consequências nem sempre positivas para esse fiel consumidor, restando, algumas vezes, ao final de todo esse processo, apenas a infelicidade, nascida de um vazio construído dentro dele, pela própria lógica industrial, que o impele a consumir mais, formando um ciclo vicioso e gerador das crises existenciais do indivíduo pós-moderno.


Vivemos e respiramos a era do consumo. Em muitos casos, pouco importa a finalidade dos objetos ou a razão de consumi-los, mas simplesmente os ter. Isso é o status que caracteriza como o indivíduo deve ser e agir. E para acompanhar as inovações do mercado e a velocidade com que são lançadas novas mercadorias, existe a necessidade constante de alienação. Segundo Baudrillard (1995), a alienação social da atualidade ocorre por meio da naturalização do consumo. Este, no entanto, não é de objetos, e sim de signos, símbolos e significados que obedecem a uma lógica própria, de modo que os objetos consumidos deixam totalmente de estar em conexão com qualquer função ou necessidade definida. Para Mancebo et al. (2002), a mercadoria apresenta-se envolta por características de conforto e bem-estar, passando a dominar o homem, retirando-lhe as questões existenciais, o que, consequentemente, resulta na situação de que o ter passa a ser mais importante que o ser.