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Livro

A comunicação escrita

É importante sabermos de que forma a comunicação escrita é conceitualmente caracterizada.

3. Como a argumentação é construída

Vamos ver como a argumentação é construída, lendo um texto argumentativo:

 

Empregabilidade: uma Ponte a Construir

 

Marcos Belizário

 

Numa sociedade como a brasileira, com tantos resgates sociais a fazer, inúmeras pontes devem ser construídas, unindo mundos que ainda não conseguem se enxergar plenamente. Um desses caminhos a construir é o que liga o emprego ao conjunto de milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência, um milhão e meio deles vivendo na cidade de São Paulo. Segundo dados do Censo 2000, mais de 52% são considerados inativos, e mais de 78% não ultrapassaram sete anos de educação formal. Nesse caso específico, a ponte deverá ter como pilares básicos a legislação, a educação, o transporte e a informação.

A equação é de fácil entendimento: sem acesso – arquitetônico, de transporte e pedagógico – ao ensino, a pessoa com deficiência não desenvolverá as habilidades necessárias à inserção no mercado de trabalho. E, mesmo aqueles que superam esse gargalo inicial, continuam tendo no transporte adequado e na eliminação das barreiras arquitetônicas condições essenciais para exercer sua profissão. Os demais ficam longe do emprego, uma vez que muitos não têm sequer a atividade braçal como opção.

Os três primeiros alicerces têm evoluído bastante, com avanços concretos e experiências vitoriosas em diversos municípios. A lei já disciplina a acessibilidade física em locais de grande circulação e há 18 anos exige que as empresas com mais de cem funcionários destinem entre 2% e 5% das vagas de trabalho a pessoas com deficiência. Só na rede municipal de ensino em São Paulo são mais de 10 mil alunos matriculados com esse perfil. Na capital paulista também circulam 3.600 ônibus acessíveis e 30 táxis adaptados (de um total de 80 alvarás expedidos), facilitando o acesso ao estudo, ao trabalho e ao lazer. Por que, então, muitas empresas reclamam não encontrar no mercado pessoas com deficiência para preencher as cotas estabelecidas por lei, enquanto milhões de pessoas aguardam uma chance de bancar seu próprio sustento? A resposta pode estar no quarto pilar acima descrito: a informação.

Diversas empresas, preocupadas apenas em cumprir a lei, reservam vagas em níveis hierárquicos inferiores e pior remuneradas, sem perspectiva de ascensão na carreira. Já outros empregadores adiam a contratação de pessoas com deficiência – expondo-se até mesmo ao risco de sanções legais – simplesmente porque imaginam que terão de investir muito para ajustar seu espaço e alterar demais a rotina de trabalho da empresa. É urgente orientar o empresariado sobre como mapear melhor as vagas existentes e mostrar quais adequações podem ser feitas, com eficiência e baixo custo.

Fonte: Disponível em:  www.isocial.com.br/2_3_3.asp. Acesso em: set. 2012. 

O texto aborda a questão da inclusão social de pessoas com necessidades especiais por meio do desenvolvimento de sua empregabilidade.

Vejamos que argumentos o autor utiliza para defender seu ponto de vista.

 

Fica claro que, na opinião do autor, a inclusão social de pessoas com necessidades especiais passa por diversas esferas, inclusive a da empregabilidade, e isso deve ser fruto de conscientização, não de imposição. Releia o trecho em que este argumento é sustentado:

Diversas empresas,preocupadas apenas em cumprir a lei,reservam vagas em níveis hierárquicos inferiores e pior remuneradas, sem perspectiva de ascensão na carreira. Já outros empregadores adiam a contratação de pessoas com deficiência – expondo-se até mesmo ao risco de sanções legais– simplesmente 

porque imaginam que terão de investir muito para ajustar seu espaço e alterar demais a rotina de trabalho da empresa.

É urgente orientar o empresariado sobre como mapear melhor as vagas existentes e mostrar quais adequações podem ser feitas, com eficiência e baixo custo.

 Repare que os trechos destacados desenvolvem a ideia iniciada no parágrafo, trazendo, embutida neles, a opinião do autor. Além disso, o autor desenvolve seus argumentos a partir da relação de causalidade – a imposição legal é a razão pela qual as empresas contratam pessoas com necessidades especiais, e a existência dessa imposição é obstáculo para a conscientização.

Há, ainda, a questão do planejamento do texto, que deve obedecer às seguintes etapas: