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Desenvolvimento da aula

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4. Problema 2 - Pontuação

Pontuação 

É famosa a mensagem enviada por Clarice Lispector a um dos revisores do Jornal do Brasil, quando a escritora ali publicava suas crônicas:

"Não me corrija. A pontuação é a respiração da frase, e minha frase respira assim.

A mensagem acabou sendo uma das frases célebres de Clarice, e está disponível na obra A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: ed. Rocco, 2002.

A fala de Clarice é fruto de uma correção feita em seu texto, e sua defesa faz alusão ao estilo pessoal de cada um. Sabemos, contudo, que a pontuação é mais que a marca de pausa. Uma vírgula pode mudar completamente o sentido de uma mensagem. Vamos, então, definir pontuação.

 

Definição

A pontuação marca, graficamente, as pausas e a entonação, de modo a deixar clara a intenção comunicante do emissor.

 

Vamos tomar como exemplo uma frase bem simples:

João vai para a escola.

João, o sujeito da oração, é o foco da mensagem, pois é dele que se está falando. Vamos colocar uma vírgula: 

João, vai para a escola.

Aqui, João passa a ser o vocativo – ou seja, a pessoa com quem se fala – e a ele é dada uma ordem.

Na fala, essa distinção fica clara pela mudança de entonação. Na escrita, isso precisa ser sinalizado graficamente.

Há regras gerais de pontuação, como veremos a seguir.

2.1 – Vírgula

Entre os termos da oração

  • separando termos com a mesma função sintática, que não estejam unidos por conectivo. Ex: “João, Francisco, Antônio nasceram entre tantas dificuldades.” (o sujeito é composto, e os núcleos estão separados por vírgula)
  • isolando o vocativo do resto da oração. Ex: Você viu, mamãe, o que houve?
  • isolando o aposto do resto da oração. Ex: Meu avô, um ilustre escritor, viveu nesta casa.
  • Isolando o adjunto adverbial, se for extenso, ou para enfatizá-lo. Ex: Na manhã de hoje, houve um enorme engarrafamento.

 

Entre as orações

  • separando orações coordenadas assindéticas – ou seja, as que não estão unidas por conjunções coordenativas. Ex: Acordou cedo, tomou café, saiu.
  • separando orações coordenadas sindéticas – ou seja, as que são introduzidas por conjunções coordenativas. Nesse caso, a vírgula é usada antes da conjunção que inicia a oração seguinte. Ex: Cheguei cedo, mas não o encontrei.

Atenção:

No caso da conjunção e, não se usa vírgula se o sujeito da oração for o mesmo da oração anterior. Ex: Meu avô me chamou e conversou comigo.

Se o e introduzir uma oração cujo sujeito seja diferente do sujeito da oração anterior, deve-se usar a vírgula. Ex: Meu avô me chamou, e meu irmão foi comigo.

  • separando orações subordinadas adjetivas explicativas – ou seja, as que são introduzidas pelo pronome relativo que e expressam uma característica geral em relação ao sujeito da oração principal. Ex: Os novos alunos, que estão muito curiosos, assistirão a uma palestra.

Nesse caso, a vírgula sinaliza que todos os alunos estão curiosos. Sem a vírgula – os novos alunos que estão muito curiosos assistirão a uma palestra – a oração adjetiva estaria restringindo a curiosidade a alguns alunos.

  • Separando as orações subordinadas adverbiais – ou seja, as que são introduzidas por conjunções subordinativas.

Neste caso, temos três possibilidades:

- se a oração subordinada vier após a principal, a vírgula é facultativa:

Estávamos jantando, quando ele chegou./ Estávamos jantando quando ele chegou.

- se a oração subordinada vier antes da principal, a vírgula é obrigatória:

Quando ele chegou, estávamos jantando.

- se a oração subordinada for reduzida, a vírgula é obrigatória:

Chegando cedo, pegaremos bons lugares.

 

Atenção: O sujeito não deve ser separado do predicado por vírgula. Se houver entre eles um aposto, um vocativo, um adjunto adverbial ou uma oração intercalada, então poderá haver vírgula.

 

 

 

 

2.2 – Ponto e vírgula

Emprego:

 

  • nas orações conclusivas e adversativas, se a conjunção vier após o verbo. Nesse caso, é possível também o uso da vírgula.

Ex: Todos ficaram animados com a perspectiva do recesso; o diretor, contudo, suspendeu a folga. (adversativa)

Nossos trabalhos foram feitos com muito esforço; a nota, portanto, será excelente. (conclusiva)

  • separando orações quando, na segunda, houver omissão de um dos termos da oração anterior. Ex: Eu falo no que acredito; você, no que o fazem acreditar.
  • separando ideias enumeradas em tópicos.

Ex: As ações serão as seguintes:

    • juntaremos os documentos;
    • selecionaremos os mais relevantes;
    • enviaremos aos interessados.

 

2.3 – Dois pontos

 

Utilizados para introduzir elementos que serão enumerados.

Ex: Lembrei-me de vários detalhes: seu nome, seu endereço, seus traços.

 

2.4 – Reticências

 

Seu uso é mais estilístico, indicando surpresa, hesitação, dúvida ou mesmo uma interrupção na fala ou no pensamento.

Há, ainda, o uso das reticências quando se suprime algum trecho de um texto.

 

O ponto final, de interrogação e de exclamação são usados, respectivamente, nas frases declarativas, interrogativas e exclamativas. Nestas últimas, a marca estilística também é relevante.