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Introdução

Nas aulas anteriores observamos que o corpo sofreu controles excessivos e padronizações em nossa sociedade nos diversos períodos históricos da humanidade ocidental. Por consequência, as universidades e as escolas, enquanto instituições sociais, também sofreram das mesmas ações de controle.

Uma interessante observação realizada por nós demonstra que houve ações sutis de controle nas ações coletivas da sociedade em razão da manutenção do poder de grupos dominantes de cada época e, nesse caso específico, o corpo foi a existência essencial para tais repressões.

Em relação a universidade e a escola, tal situação não poderia ser diferente, por se tratar de instituições representativas da sociedade. Portanto, tradicionalmente, a universidade e a escola mantém o corpo sob controle em seu cotidiano, pois as suas diversas estratégias regularmente apontam para o imobilismo, para a construção do conhecimento priorizado no aspecto cognitivo, pouco atento às expressões corporais e aos movimentos construídos pelos alunos, que traduzem um conjunto acumulado de conhecimento, cultura, política e história de seus grupos sociais

 A universidade e a escola auxiliam na manutenção da hierarquia de poder, reforçando estruturas pouco focadas em mudanças. Nesse sentido, o corpo e seus movimentos, de certa forma, ameaçam tais controles com sua infinidade de expressões e possibilidades, promovendo o descontrole do rígido sistema da universidade  e da escola que, geralmente, se sustentam pela obediência de diversas regras que, por vezes, não fazem sentido nem possuem significado para os alunos, que não têm direito a questionamentos no que diz respeito a essas regras.

Dessa forma, os jovens ainda não tão adequados socialmente a essas regras vivenciam também, por intermédio do corpo, relações com o mundo de uma forma mais transparente e autêntica e, neste particular, a sua herança cultural, suas expectativas e seus anseios são traduzidos pela expressão corporal, pelos movimentos, pela sua inquietação na busca da descoberta de sua própria identidade com a sociedade.

É a isso que se propõe esta aula: construir reflexões e ações que produzam possibilidades de mudança nesse quadro universitário e escolar, a partir de conhecimentos objetivos que promovam capacidades para tentarmos superar esse paradigma.

Veja o que diz o educador e escritor Rubem Alves:

Uma das criticas que Marx fazia ao capitalismo tinha a ver justamente com isto. O capitalismo é uma educação do corpo: o corpo que é ensinado a se esquecer de todos os seus sentidos eróticos e que se transforma no local de um sentido apenas: o sentido de posse. (Alves, 1985, p.42)