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Desenvolvimento da aula - Leitura de Artigo

Desenvolvimento da aula - Leitura de Artigo

As filas que se formam para levar as crianças de um espaço a outro, os tempos de espera em que permanecem encostadas às paredes, a falta de conforto das salas, as regras que são impostas nos refeitórios, os tempos previamente definidos para defecar: tudo isto remete à ideia de fabricação de uma retórica corporal, mas também de uma retórica do espírito, pois, “é dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado” (Foucault, 1987, p.118).

Tendo como referência a concepção espinosiana de que a vivência do que é bom e do que é mau constitui dois tipos humanos, que vivem, aprendem e incorporam distintos modos de sentir e viver a vida (como potência ou como impotência), consideramos que esta perspectiva (de controle do corpo) está na contramão de um projeto de educação pautado numa ética da alegria e do cuidado, na medida em que favorece a constituição de um tipo humano que é fraco, impotente (Espinosa,1983; Deleuze, 2002).

Se somos capazes de produzir história e cultura, como produzir um cotidiano que se paute pela vivência do que é bom, que alegra e, que frente à vida, nos faz mais potentes? Como favorecer encontros que compõem? E como evitar os maus encontros, que decompõem, produzem tristezas? Se estas são sempre expressões da nossa impotência, como trabalhar no sentido de um cotidiano em que, diria Espinosa, as paixões alegres se sobreponham às paixões tristes? 

Uma resposta possível é: acreditando nos desejos das crianças, apostando em sua capacidade de escolha, possibilitando contato permanente com o mundo natural, brincadeiras, livre movimento do corpo. Entretanto, é evidente a distância da realidade escolar em relação a esta crença e a este movimento a favor do prazer, da potência. Onde estão as origens deste modo de funcionamento?