Ir para o conteúdo principal
Livro

Formalidade e informalidade no uso da língua

Formalidade e informalidade no uso da língua

1. Formalidade e informalidade no uso da língua

Vamos fazer uma comparação entre dois exemplos de texto escrito:

Disponível em: http://www.djdrik.net/blog/index.php/tag/privilege/

Disponível em: http://www.trollada.com/m/imagem/juramento-sem-bandeira:-uma-carta-de-amor/

Depois de ler o bilhete e a carta, responda:

  • Qual o objetivo de cada um?
  • Em termos de formalidade, como podemos classificá-los?
  • Que diferença básica entre os dois marca a formalidade e a informalidade?

Apesar de os textos escritos, eles se diferenciam no grau de formalidade utilizado. Isso ocorre porque o bilhete é, por natureza, um recurso utilizado em uma situação informal, mas nem por isso ele é, necessariamente, descontraído. No caso dos textos lidos, a grande diferença está na escolha do tipo de registro utilizado. Por registro, entendemos vocabulário, recursos de sintaxe e semântica. Por essa razão, fica fácil perceber a informalidade do primeiro e a extrema formalidade do segundo.

Uma situação informal é aquela em que o emissor se comunica em um ambiente integrado por pessoas com as quais mantém uma relação de proximidade, que lhe permite utilizar uma linguagem descontraída e lançar mão de gestos e posturas que lhes são característicos, sem correr o risco de se tornar inadequado.

É o caso, por exemplo, do ambiente de trabalho em que estejam presentes apenas os colegas próximos, em conversas que não envolvam situações de decisão e de informações relevantes ligadas à atividade profissional. É também, claro, o caso de encontros sociais entre amigos próximos, família, pessoas do relacionamento diário.

A situação passa a ser considerada formal quando a fala do emissor é dirigida a pessoas que fazem parte de um grupo específico, ligado por interesses comuns, sejam eles profissionais, sociais, ideológicos, etc. Nesse tipo de situação, a fala do emissor deve ser planejada com antecedência, de modo a tornar seu discurso claro, objetivo e, principalmente, eficaz. O gestual, assim como todos os recursos corporais que se utilizam durante a fala, deve ser estudado e adequado tanto  ao discurso quanto ao público.

Podemos considerar formal uma reunião de trabalho, ainda que composta por colegas de mesmo nível hierárquico, pois trata-se de uma situação que pressupõe clareza nas informações para garantir maior precisão nas decisões. Quando uma reunião de trabalho conta com participantes de níveis hierárquicos superiores, a formalidade torna-se patente, e a fala dos participantes deve ser objetiva, focada na pauta e adequada, em termos de uso vocabular, à situação.

Também se considera formal uma palestra, por exemplo, ainda que, nesse caso, seja possível calibrar o nível de formalidade de acordo com o assunto e com o público. Podemos citar uma série de situações que pressupõem formalidade, como uma entrevista de emprego, um evento social que envolva rituais, como casamentos, por exemplo, uma comunicação a um grupo, entre outras. 

A grande dificuldade da comunicação oral, contudo, não está, como se pode pensar,  na preparação do discurso ou na escolha das palavras: ela reside, principalmente, no fato de o emissor ter de falar... Esse é um receio bastante comum entre as pessoas. Estar diante de um público e falar com esse público pode-se transformar em um grande pesadelo para a maioria das pessoas. O que muitos esquecem é que, na verdade, a grande exposição está na comunicação escrita. Afinal de contas, uma vez escrito, um discurso se eterniza, está lá para ser lido e relido a qualquer momento. 

Mas esse argumento não é consolo para aqueles que se retraem diante de uma plateia. Assim, para que se possa lançar mão da expressão oral de forma adequada, algumas estratégias podem ser adotadas:

  • Listar, previamente, os pontos a serem abordados no discurso;
  • Dedicar um período de tempo equilibrado a cada ponto, de modo a não ser rápido demais nem exceder o tempo;
  • Falar diante do espelho, para aferir o grau de adequação do gestual utilizado e para eliminar algumas expressões faciais inadequadas que, na maioria das vezes, não percebemos que utilizamos;
  • Procurar ser espontâneo na fala, ou seja, não ler nem dar a impressão de um discurso decorado;
  • Falar pausadamente;
  • Fazer contato visual com o público, sem, contudo, se deter especificamente em alguém;
  • Utilizar, quando possível, recursos que ajudem o público a acompanhar a fala, como slides, vídeos, etc., mas apenas como auxílio, não como ponto central da comunicação.

A comunicação oral permite recursos que não temos na expressão escrita. Um dos mais importantes é a possibilidade de reelaborar determinados pontos do discurso, de acordo com a recepção do público, que, por ser imediata, nos dá a noção da necessidade dessa reelaboração. A interação com o público no momento da comunicação é também prerrogativa do discurso oral. Essa interação é valiosa para a eficácia daquilo que se pretende comunicar. 

A preparação de um discurso utilizado para a comunicação oral deve levar em conta as mesmas regras linguísticas que se utilizam na comunicação escrita. Contudo, a organização das orações não é, na oralidade, tão rígida quanto na escrita, permitindo, dessa forma, que a expressão oral seja mais leve e mais fluida. 

Essas regras serão vistas adiante.