Vejo a homogeneização e o hibridismo cultural como fenômenos que ocorrem concomitantemente, onde em alguns casos acredito que a homogeneização pode anteceder o hibridismo cultural. Enquanto a homogeneização se caracteriza pela "dominação" de uma cultura sobre a outra, o hibridismo cultural é caracterizado pela "troca" e influência mútua entre culturas. Penso que a homogeneização pode ser uma etapa prévia de um hibridismo cultural: se tomarmos como exemplo o período de colonização do Brasil, houve em um primeiro momento uma grande imposição da cultura dos colonizadores em detrimento das diversas culturas indígenas que existiam em nosso país (que foram exterminadas ao longo dos séculos). Ao mesmo tempo que ocorria uma dominação, vários elementos culturais indígenas, portugueses e africanos se misturaram e surgiram outros elementos culturais ressignificados.
A hibridização cultural é facilmente enxergada nas fronteiras entre países, onde cidades fronteiriças de países vizinhos costumam apresentar elementos culturais um do outro, sem que haja de fato um domínio de uma cultura sobre a outra. A homogeneização é perceptível nos grandes centros urbanos onde as conexões entre redes são mais intensas e expõem a influência de algumas culturas que são mais dominantes sobre as outras (a americana sobretudo, nos filmes, nas músicas, na tecnologia etc). Embora possa ser natural pensar que a homogeneização tenha mais aspectos negativos em relação ao hibridismo cultural, gostaria de destacar que a homogeneização até um determinado nível pode ajudar a fazer com que um indivíduo ou até mesmo um povo se "reconheça" no outro (alguns eventos esportivos como as Olimpíadas e a Copa do Mundo de Futebol são capazes de promover este fenômeno, por exemplo), o que facilita o desenvolvimento e estabelecimento de relações. Quanto à hibridização cultural, vejo ainda como um fenômeno mais positivo, pois este é capaz de trazer a inovação cultural, na qual a mistura de diferentes tradições e práticas culturais pode levar à criação de novas formas de arte, música, moda e gastronomia. Isso promove a inovação e a criatividade, resultando em expressões culturais únicas e originais.
Um tipo de resistência à padronização cultural é a preservação de dialetos de diferentes povos espalhados pelo mundo. Na Itália por exemplo, o idioma italiano foi adotado como idioma oficial a partir do dialeto fiorentino, mas muitas pessoas do sul da Itália ainda resistem de alguma forma (principalmente as camadas sociais menos favorecidas) ao uso diário do idioma italiano e se comunicam através de seus respectivos dialetos, que simbolizam de alguma forma a essência daquele povo em questão.