Uma das passagens na tese de Bauman sobre a comodificação das pessoas me fez pensar na crescente presença dos influenciadores digitais hoje em dia e como eles já deixaram a muito tempo de apenas promover produtos para venderem suas próprias imagens como marcas. Para manter a visibilidade, muitos expõem aspectos íntimos de suas vidas, desde relacionamentos até momentos de vulnerabilidade, transformando tudo em conteúdo consumível.
Isso tem feito com que nas relações modernas, os seres humanos sejam vistos cada vez mais como objetos voltados para o mercado, e a empatia, tem se tornado cada vez mais rara. Bauman exemplifica essa dinâmica no texto ao afirmar que, assim como fazemos com mercadorias que apresentam defeitos, as pessoas, quando não correspondem às expectativas, são descartadas, trocadas ou ignoradas.
David Brooks, por sua vez, explora como os Bubos também estão imersos em uma cultura de consumo, mas de forma mais sutil e intelectualizada. Eles compram produtos e experiências que refletem uma identidade moral e consciente, misturando o desejo por autenticidade com a necessidade de sucesso e validação social, o que reflete a mesma dinâmica de mercantilização da identidade que Bauman destaca. Para mim a abordagem dos Bulbos é meio contraditória pois, ao tentar estabelecer um sistema de consumo "responsável" e de maneira consciente, os indivíduos ainda estão participando e ajudando a manter o mesmo sistema capitalista que, de certa forma, criticam. Isso me faz pensar sobre nossa autonomia enquanto consumidores, até que ponto nossas decisões são realmente nossas com tantas pressões sociais influenciando nossa forma de viver e enxergar o mundo.