As redes sociais digitais desempenham um papel fundamental no fenômeno do ciberativismo, que é a mobilização política e social através da internet. Elas proporcionam um espaço para a organização e a amplificação de vozes, permitindo que movimentos sociais se formem e se espalhem rapidamente, muitas vezes sem a necessidade de uma estrutura hierárquica formal. As plataformas digitais, como Twitter, Facebook, Instagram e WhatsApp, permitem que as pessoas se conectem, compartilhem informações e mobilizem grandes grupos em torno de causas sociais e políticas. Elas têm a capacidade de democratizar a comunicação, dar visibilidade a questões marginalizadas e até pressionar governos e corporações a responderem a demandas populares. Porém, as redes sociais também apresentam desafios, como a propagação de fake news, a polarização política e o risco de ativismo superficial, onde o simples ato de compartilhar ou curtir uma postagem pode ser visto como uma ação suficiente, sem um compromisso real com as causas.
As Jornadas de Junho de 2013 no Brasil foram um marco importante na história do ciberativismo no país. Iniciadas por protestos contra o aumento das tarifas de transporte público, as manifestações rapidamente se expandiram para questões mais amplas, como a qualidade dos serviços públicos, a corrupção e a insatisfação com a classe política. Embora as redes sociais digitais não tenham sido as únicas responsáveis pela mobilização, elas tiveram um papel central, permitindo a organização de protestos em grande escala e a difusão de informações em tempo real.
O legado das Jornadas de Junho é multifacetado:
Fortalecimento da expressão da cidadania: As manifestações marcaram a ascensão de uma nova forma de participação política, especialmente entre os jovens, que se sentiram empoderados pelas redes sociais. Essa participação digital passou a ser vista como uma extensão legítima da cidadania, trazendo novas formas de se engajar em questões políticas e sociais.
Desafios à representatividade política tradicional: As Jornadas expuseram a insatisfação da população com os canais tradicionais de representação política, como partidos e sindicatos. A mobilização nas ruas e nas redes sociais refletiu uma crítica ao sistema político vigente e a uma gestão pública considerada distante das necessidades da população.
Relevância da mobilização digital: A capacidade das redes sociais de organizar manifestações rápidas e de grande escala mostrou como o ciberativismo pode ser uma ferramenta poderosa, capaz de transformar questões locais em movimentos nacionais e até internacionais. As plataformas digitais permitiram que cidadãos comuns se tornassem protagonistas na criação e na disseminação de conteúdos que questionavam o status quo.
Por outro lado, o legado das Jornadas também trouxe à tona desafios em termos de fragmentação e falta de agenda unificada. Sem uma liderança centralizada, os protestos acabaram por ser muitas vezes dispersos e sem uma pauta clara, o que dificultou a articulação de mudanças concretas a partir das manifestações. Em resumo, o fenômeno do ciberativismo, potencializado pelas redes sociais digitais, representou uma transformação importante na forma como a sociedade brasileira se engaja politicamente. As Jornadas de Junho deixaram um legado de empoderamento digital, mas também colocaram em evidência as dificuldades da ação coletiva e a necessidade de uma reflexão sobre as formas de representação e ação política na era digital.