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Será que me comunico?

Será que me comunico?

Re: Será que me comunico?

por Abner Rey da Mata - Número de respostas: 0
Na tirinha, Mafalda reclama de que o uso do termo “sala de estar” seria inadequado e estranho ao tipo de linguagem corrente que ela utiliza no dia a dia. Ao perguntar o que significa para a mãe e receber como resposta a palavra “living”, palavra não pertencente ao idioma natal, percebemos que o estrangeirismo - ou a incorporação exagerada do inglês em nossa comunicação – é o modo ideal de se referir ao termo para Mafalda. É isso que a expressão “língua da gente” dá a entender; o uso do inglês é mais predominante do que o da língua portuguesa.
A tirinha nos leva ao seguinte questionamento: por que não é possível que haja, sempre, a possibilidade de nos entendermos utilizando o mesmo idioma?
Bem, muitas são as possíveis explicações para o questionamento levantado. Fato é que, ainda que nos comuniquemos por meio dos mesmos códigos, carregamos conosco especificidades subjetivas e a possibilidade de adaptar a língua a vocábulos e dialetos próprios, tendo em vista a profunda gama de recursos linguísticos do nosso idioma e a possibilidades de inovações no seu uso. A incorporação do estrangeirismo é uma dessas “inovações” - ainda que exista desde sempre, sua recorrente e desnecessária utilização na substituição de termos simples em português poderia ser entendido como o ponto da crítica feita na tirinha.
Muitos são a favor e outros contra a sua utilização, mas devido a versatilidade da nossa linguagem e a habilidade comunicacional humana, que extrapola os limites de um único idioma na construção de códigos e símbolos, nem sempre estaremos à par do que o outro quer dizer ou, então, em concordância com o modo utilizado para articular argumentos. Tudo depende da nossa necessidade de comunicar algo dentro do que é convencionado no contexto em que estamos inseridos. Utilizar linguagem informal em um ambiente necessariamente formal, por exemplo, seria um choque de linguagem que teria como consequência a discordância, um natural desentendimento. Por isso, acredito que podemos nos desentender porque utilizamos a língua com diferentes fins, e em meio a ampla margem de improvisações e adaptações, sempre há possibilidade de conflitos.