Assim, como ressalta o texto “Corpo: uma mercadoria na pós-modernidade”, a ideia do corpo como um objeto de consumo não é nova, mas sim, produto de uma série de transformações históricas, culturais e mudanças de valores sociais. "Partimos do princípio de que a cultura do consumo não surgiu na contemporaneidade (na verdade, ela é um processo muito mais longo e antigo), mas que atingiu o seu ápice na atualidade e, com isso, influencia as mais diversas esferas da vida social contemporânea". (MAROUN; VIEIRA, 2008). Logo, o avanço das tecnologias de informação e comunicação (TIC’s) destacam o contraste social que temos na percepção do corpo humano, onde por um lado vemos padrões de beleza seletivos e excludentes sendo reforçados e moldando a forma como os corpos são aceitos e valorizados na sociedade, em sua maioria são aqueles que apresentam atributos físicos específicos, como ideais eurocêntricos e magros, são hipervalorizados e propagados como o padrão ideal. E concomitantemente, temos visto uma crescente onda dos movimentos sociais que lutam contra a imposição desses padrões através das redes sociais, plataformas de vídeo e publicidade digital. Essa luta pontua a problemática da exclusão de corpos marginalizados nas midias, como os corpos negros, gordos, com deficiência ou fora dos moldes tradicionais de gênero. E esse movimentp é de extrema importância, pois “A cultura dita normas em relação ao corpo, às quais o indivíduo tenderá, à custa de castigos e recompensas, a se conformar, aceitar e aderir”. (MAROUN; VIEIRA, 2008).
E atualmente, fica ainda mais evidente que o corpo na midia é tratado como mercadoria, pois essa logica mercantilista se destaca em youtubers, tiktokers e influenciadores digitais que transformaram suas vidas em uma espécie de produto comercializável, onde suas rotinas, experiências pessoais e até emoções são compartilhadas com o objetivo de criar uma ligação com a audiência que se identifica com suas personalidades e estilos de vida, para poder transformando essa visibilidade em dinheiro e status social. Além dos produtos que são pagos para promover, atraves de uma relação/ interação parassocial com seus seguidores, temos na verdade pessoas vendendo recortes perfeitos de suas vidas pessoais, mediadas por marcas, empresários e patrocinadores, que lucram a partir dessa intimidade compartilhada para gerar engajamento, sendo complexo para aqueles que acompanham esses conteúdos discernir o que é autentico, do que é fabricado. Logo, seguimos vendendo e comprando ilusões. Nós comparando e cobrando excessivamente com recortes da "realidade" alheia, e nesse cenário, o público consome não apenas o conteúdo, mas também a própria ideia de viver uma vida “perfeita”, aspirando/ tentando moldar seus corpos e rotina na busca de alcançar uma versão idealizada de si, baseada na curadoria da vida de influenciadores que no fundo não conhecemos.