Para essa pergunta, apesar das muitas respostas que tivemos na aula 3, acredito que eu tenha mais perguntas.
Começando pelas respostas que podem parecer óbvias: Nossos corpos ainda estão presos pelas instituições sociais porque estas favorecem o sistema capitalista neoliberal que vivemos. São muitos os mecanismos para garantir a manutenção desse aprisionamento - desde a estrutura familiar nuclear até a religião e as crenças que são moldadas e instituídas por ela.
Observando essas instituições, me parece que sabem como manipular o corpo e as sensações prazerosas ao seu favor. Nesse caso, outra possível resposta seria: nossos corpos estão presos pelas instituições porque caem em uma perfeita armadilha. Posso citar como exemplo as redes sociais, plataformas público-privadas gratuitas que coletam dados e vendem a nossa atenção e visibilidade para as marcas. São mecanismos viciantes de prazer imediato que exploram nossos corpos por meio da dopamina.
Agora, pensando na questão da limitação dos corpos por meio da instituição escolar, me vem à mente o seguinte questionamento: como garantir a liberdade das crianças e dos seus corpos ao mesmo tempo que zelamos pela sua vida? Não é dever do adulto garantir que, por fim, a criança termine um dia sem se matar espontaneamente? Será que fomos tão doutrinados, adestrados e ludibriados a acreditar que uma criança livre, com seus pensamentos, ideias, atitudes, expressões e personalidade, não seria capaz de sobreviver sem o nosso intermédio?
Particularmente, tenho experiência tanto enquanto criança reprimida quanto como adulta repressora. Na minha experiência pessoal, vejo que a escola fez e faz o contrário do que o ideal, que seria “constituir-se como ambientes que contribuam para evitar o surgimento de travas, ou mesmo eliminar as que já tiverem se instalado”. Isso porque a crença instituída pela família em que apenas uma criança obediente é uma criança digna de ser amada se perpetua e se confirma no ambiente escolar.