Artigo: Desafios da corporeidade na EAD e suas relações com a formação de professores
Autores: Eloiza Oliveira, Marco Santoro e Vanessa Ramos
Introdução
Há uma revolução social em curso, advinda das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no Brasil e no mundo. Entretanto, ainda temos, no Brasil, a exclusão digital de parcela da população. Conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em 2008, mais de 65% dos brasileiros com mais de dez anos de idade não acessam a rede mundial, sendo que a grande maioria destes (60%) não o faz por não saber como ou por não ter acesso a computadores. O número de desconectados no Brasil é muito maior que o da Coreia do Sul, na qual quase 78% da população possuem conexão com a rede. O pequeno acesso à internet por estudantes é significativo (60%), menor do que alguns países vizinhos como Argentina, Chile, Colômbia e Uruguai. Análises surgem para tentar desvendar e traduzir os números e resultados das discrepâncias da tecnologia atual que, ao invés de diminuir as distâncias da desigualdade, proporcionam maiores distanciamentos entre as classes sociais.
Na educação brasileira, nas últimas décadas, houve diversas experiências com o objetivo de democratizar o conhecimento tecnológico digital e proporcionar aos alunos condições para ingressarem no mundo virtual e fazerem parte de uma sociedade atuante e crítica sobre a qual a escola ‒ enquanto instituição oficial de ensino ‒ possui responsabilidade.
Nas universidades o compromisso social em relação às novas tecnologias encontra vasto espaço no campo de pesquisa, ensino e extensão. Tais áreas de atuação nas universidades estão conectadas e desenvolvem projetos de maneira que nos permitem afirmar que a área de estudos sobre as tecnologias virtuais encontra-se em pleno desenvolvimento.
Entretanto, a cultura e os hábitos do cotidiano, no espaço escolar, estão ainda distantes disso. A causa pode estar, dentre outros fatores, na tradicional formação de professores e, no caso desta pesquisa, tal hipótese pode também estar focada nos cursos de Pedagogia.
No currículo dos cursos de Pedagogia observa-se a significativa entrada da área de conhecimento das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e as diversas mudanças advindas destes conceitos nas tradicionais disciplinas. As novas formas de construção do conhecimento em rede, em detrimento do conhecimento linear e hierárquico, desencadearam novas necessidades de mudanças no currículo e nas metodologias de ensino-aprendizagem.
Nesse sentido, o curso de Pedagogia na modalidade a distância da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) introduziu um grupo de disciplinas denominadas de “Seminários de Práticas Educativas”. Este rol de disciplinas possui como característica comum: a construção do conhecimento com bases nas múltiplas inteligências, objetivando a superação da educação de cunho cartesiano e do conceito de corpo como unidade humana, sem a dicotomia “corpo e mente”.
Especificamente focamos o projeto da disciplina Seminário de Práticas Educativas 1 que se propõe a oferecer aos alunos a possibilidade da construção do conhecimento a partir da corporeidade nas práticas pedagógicas, utilizando-se das ferramentas digitais na educação e das vivências na oficina lúdico-corporal, através da mediação de informações e do estímulo à consciência crítica.