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Introdução

Olá pessoal.

Vamos adentrar o popular e sedutor mundo dos esportes!!!

Assistimos sempre empolgados as atividades esportivas! Comemoramos quando ganhamos e nos entristecemos quando perdemos.
Nos sentimos representados por um atleta ou por vários jogadores de um clube de qualquer esporte. Seja pelo nosso time de coração ou representando o nosso país em eventos internacionais nos identificamos profundamente com os nossos representantes esportivos.
Entretanto, além de todos estes espetáculos, de todas as festividades no entorno dos esportes, de todo um aparato midiático e de uma comoção social devemos nos perguntar: todo este sentimento é natural ou será que nos foi culturalmente semeados ao longo do tempo? Os esportes sempre foram assim ou será que antigamente os esportes eram realizados apenas com o intuito de se fazer apostas e, consequentemente, na esperança de ganhar algum dinheiro? Por fim, por que existem tantas empresas que querem patrocinar os esportes e querem acoplar as suas marcas aos eventos esportivos?
Assim, sejam bem-vindos ao fenomenal mundo esportivo (e tudo que está por trás disso, mas que talvez não enxerguemos o que está oculto...)

Convido vocês ao trecho inicial da aula 6 com algumas reflexões (ao longo do tempo no campo dos esportes):

A Copa do Mundo de futebol no Brasil encerrou há tempos, mas ainda é tema de muitos programas e debates da mídia em nosso país, mantendo as nossas memórias sempre ligadas ao evento esportivo passado. E pouco tempo depois vivenciamos as Olimpíadas e Paralimpíadas mundiais na cidade do Rio de Janeiro, que desde a sua escolha como sede deste evento obteve um gasto de milhões de dólares em obras (além de forte suspeita de desvios ilegais de verbas), e um quantitativo de propagandas nas mídias que custou muito dinheiro e tudo isso ao custo de um prejuízo incalculável para a sociedade que tem assistido seus direitos a saúde, educação, moradia, entre outros direitos essenciais serem trocados por tais "legados".

Por quais razões realizamos algo tão polêmico em um país tão carente de necessidades básicas?

Para isso, convido vocês para "entrarmos em campo" neste tema tão complexo e sedutor, e que mobiliza tanto a nossa sociedade.

Mas, muito além da Copa e das Olimpíadas (Paralimpíadas também), assistimos há séculos as influências que os esportes implementam nos povos de todas as nações do mundo.

Portanto, seguindo a nossa trajetória de reflexões críticas acerca do corpo, da ludicidade, do controle social, da cultura corporal, dos jogos e dos esportes, entraremos agora em um campo muito especial dos nossos estudos: os esportes de alto rendimento ou esportes profissionais.

Nesse sentido convido vocês a um trecho de ensaio escrito em 2007 (de minha autoria) para o programa de TV “Salto para o futuro” da TVE, sobre o poder que os esportes possuem em nossa sociedade. Vamos lá:

"Madrugada de junho de 2002: a maioria dos brasileiros se mantinha acordada, de prontidão, mesmo sabendo que logo teria que enfrentar mais um dia de trabalho fatigante. Mesmo assim, as ruas estavam movimentadas e as pessoas ansiosas.
O que seria tão importante, a ponto de transformar radicalmente o cotidiano de toda uma sociedade? Uma guerra? Uma convulsão social? Uma eleição que mudaria os rumos de suas vidas? Não! Era um jogo da Copa do Mundo de futebol, em que a seleção brasileira jogaria uma partida das quartas de final...
Um domingo sonolento qualquer, dentre tantos. Entretanto, um estranho e diferente silêncio nas ruas. Comércio funcionando, mas sem clientes. Era o anúncio da morte de Ayrton Senna, uma vitoriosa carreira abortada em uma curva da Itália, provoca uma comoção nacional sem precedentes em todo país, parando toda a atividade social e econômica neste dia e povoando as memórias e emoções de tantas pessoas até os dias atuais.
Recentemente, milhares de jovens exigiam de seus pais a matrícula em escolinhas de tênis, e/ou de ginástica olímpica. O que mais chamava a atenção era o interesse repentino por dois esportes pouco populares e relativamente caros de se praticar. Mesmo assim, observava-se uma intensa mobilização das famílias nessa direção. Venderam-se materiais esportivos dessas modalidades como nunca e a mídia preencheu seus espaços com informações sobre os mais recentes heróis nacionais: Gustavo Kuerten e Daiane dos Santos.
Afinal, que fenômeno é este que transforma os hábitos de grande parte de uma nação? Que muda a rotina de tantas pessoas? Que assunto é esse que promove discussões acaloradas, invadindo diferentes lares e locais de trabalho, independentemente da classe social, da cultura ou do local geográfico, neste país de dimensões continentais?
Este fenômeno é o esporte!"

(Santoro, 2007. Salto para o Futuro - TVE)

E aí, o que achou? Será mesmo que os esportes possuem tanto poder a ponto de construir uma identidade de uma nação ou um país? Afinal, até onde vai o esporte? Que influências o esporte proporciona nas atitudes das pessoas?
Observaram que os atletas mudam, mas a construção de heróis nacionais, regionais ou de clubes sempre se mantém?
Daiane dos Santos foi substituída por Rebeca Andrade.
Gustavo Kuerten foi substituída pela Bia Haddad.
Rubinho Barrichello sofreu muito por carregar a responsabilidade de superar Ayrton Senna, mas não conseguiu superar tanta pressão.
E assim, poderíamos citar tantos outros atletas que vão se sucedendo ao longo dos tempos, mas sempre com a identidade de "herói".
Mas, atletas são realmente heróis ou será que estamos há tempos exagerando a importância do esporte na sociedade?
Nesse sentido, convido pra construirmos análises e reflexões sobre tal fenômeno da era pós moderna.
E iniciaremos a nossa entrada em campo com a seguinte pergunta geradora:

Afinal, o esporte é apenas um jogo ou um fenômeno social?