As brincadeiras são formas mais originais que a criança tem de se relacionar e de se apropriar do mundo. É brincando que ela se relaciona com as pessoas e objetos ao seu redor, aprendendo o tempo todo com as experiências que pode ter durante a brincadeira. São essas vivências, na interação com as pessoas de seu grupo social, que possibilitam a apropriação da realidade, da vida e toda sua plenitude.
Para ilustrar as ideias e reflexões desenvolvidas nesta aula e auxiliar nas suas reflexões, convido novamente a assistir aquela minha entrevista que ministrei aqui no jardim da Capela da UERJ e que já disponibilizei a vocês nas primeiras aulas da nossa disciplina. Tal entrevista disserta sobre a questão do brinquedo, da brincadeira e da ludicidade no desenvolvimento infantil. Ela fez parte de um trabalho de capacitação dos professores do Município do Rio de Janeiro com o título de "3ª Jornada de Educação da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro" em julho de 2012. Caso queiram, ofereço aqui novamente.
https://www.youtube.com/watch?v=TC3RpoTFb1w
Para Kishimoto (1994) o brinquedo é compreendido como um "objeto suporte da brincadeira", ou seja, brinquedo representado por objetos como piões, bonecas, carrinhos etc. Os brinquedos podem ser considerados: estruturados e não estruturados. São denominados de brinquedos estruturados aqueles que já são adquiridos prontos, é o caso dos piões, bonecas, carrinhos e tantas outras atividades.
Os brinquedos denominados não estruturados são aqueles que não sendo industrializados, são simples objetos como madeiras ou pedras, que nas mãos das crianças adquirem novo significado, passando assim a ser um brinquedo. A pedra se transforma em comidinha e a madeira se transforma em cavalinho, entre tantas outras imaginações infantis.
Segundo Vygotsky (1998) As maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão o seu nível básico de ação real e moralidade. O autor ainda afirma que é enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. Que é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos.
Observa-se no cotidiano a importância da construção do conhecimento na idade infantil quando ao observar uma brincadeira em que a criança separa os objetos por cores, tamanhos ou formas. A criança faz essa distinção ao brincar e brincando desenvolve, por exemplo, conceitos de conjuntos matemáticos através do prazer e do divertimento.
O jogo do "faz-de-conta" é uma atividade lúdica que desenvolve na criança um alto grau de criatividade e imaginação, essa atividade é complexa e enriquecedora para o desenvolvimento da identidade da criança.
Nas brincadeiras de “faz-de-conta” a criança experimenta diversas formas de agir e de pensar. Cria personagens e desempenha vários papéis sociais ampliando suas concepções simbólicas e subjetivas junto as suas realidades vividas.
A criança quando entra no mundo das brincadeiras e imaginação cria histórias, situações e alternativas de soluções para modificar ou reinventar a realidade e seu contexto. Amadurece as suas relações com o coletivo e as normas sociais a sua volta.
Segundo Vygotsky (1998), o faz-de-conta é uma atividade importante para o desenvolvimento cognitivo da criança, pois exercita no plano da imaginação, a capacidade de planejar, imaginar situações lúdicas, os seus conteúdos e as regras de acordo com cada situação.
Para Kishimoto (2003) a situação imaginária é importante na brincadeira infantil, através da brincadeira a criança desenvolve capacidade de resolução de problemas e internaliza regras sociais, portanto ao prover à criança a brincadeira do “faz-de-conta” faz com que a criança desenvolva conceitos de regras e normas, desenvolvendo também a criatividade imaginação e iniciativa.
Nota-se então que por meio de uma brincadeira, tão simples e trivial a criança desenvolve e aprende de forma prazerosa e divertida.
Quando a criança imagina e cria suas histórias ela também reflete sobre o mundo adulto, colocando nas brincadeiras suas expectativas referentes a determinadas situações e suas posteriores resoluções. A brincadeira permite que as crianças aprendam a criar e refletir sobre situação do cotidiano fazendo uso de suas capacidades e possibilidades de intervenção em seu cotidiano.