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Debates sobre os paradigmas da Ecologia Política.

Debates sobre os paradigmas da Ecologia Política.

Debates sobre os paradigmas da Ecologia Política.

Número de respostas: 13

Os textos de Walker (2005) e de Miranda (2012) nos apresentam a diferenciação que ocorre dentro da própria Ecologia Política,  como campo de pesquisa. Walker (2005) diferencia duas correntes de pesquisas em Ecologia Política. Com base no exposto, faço as seguintes provocações: qual (ais) a (s) diferença (s) nestas duas correntes? Com qual das duas correntes você se encaixaria como um pesquisador da Ecologia Política? Porquê?

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Re: Debates sobre os paradigmas da Ecologia Política.

por Wallace Xavier Caldeira -
Olá, Pessoal. tudo bem?
Sou Wallace e estou aqui para compartilhar um pouco dos meus pensamentos e visões sobre o tema "Paradigmas da ecologia política".

Começo expressando minha perspectiva sobre a diferença entre as correntes estruturalista e pós estruturalista na Ecologia Política. Embora ambas analisem como as políticas sociais podem afetar o meio ambiente, a abordagem estruturalista foca de forma mais ampla nos danos biofísicos causados por decisões e políticas macroeconômicas que impactam o ambiente. Já a abordagem pós estruturalista se concentra nas influências específicas de grupos sociais menores, explorando como suas ações e representações impactam as transformações ecológicas em escala local, que por sua vez podem se refletir na ecologia global.

Por fim, embora reconheça a importância das ações de pequenos grupos em todas as esferas de nossas vidas sociais e ambientais, acredito que, como pesquisador, eu me alinharia mais com a corrente estruturalista. Vejo maior potencial para mudanças significativas ao influenciar decisões macroeconômicas e políticas, pois essas ações poderiam gerar impactos a curto prazo. Com essa base estabelecida, seria então possível focar na perspectiva pós estruturalista em projetos de longo prazo.

Agradeço a oportunidade e até breve!
Em resposta à Wallace Xavier Caldeira

Re: Debates sobre os paradigmas da Ecologia Política.

por Daniel Gomes Guimar�es Farias -
Boa tarde,professor!
Walker (2005) identifica duas correntes na Ecologia Política: uma normativa e outra analítica. A corrente normativa, também conhecida como corrente ativista, foca na preservação ambiental e justiça social, priorizando o ativismo em relação aos direitos das comunidades locais e proteção contra a exploração de recursos. Essa abordagem enfatiza relações de poder e luta política por práticas sustentáveis, mas às vezes negligencia uma análise biofísica detalhada dos ecossistemas, levando alguns críticos a rotulá-la de "política sem ecologia".

Por outro lado, a corrente analítica é mais equilibrada, investigando tanto aspectos ecológicos quanto dinâmicas políticas para alcançar uma compreensão mais profunda dos impactos ambientais. A principal diferença entre essas abordagens está no equilíbrio entre as dimensões política e ecológica. Enquanto a corrente normativa enfatiza a defesa e a transformação social, a corrente analítica busca integrar a análise dos processos biofísicos com os conflitos políticos e econômicos, fornecendo uma explicação mais ampla das mudanças ambientais. Essa abordagem analítica valoriza a compreensão das relações entre sociedade e natureza, considerando as interações entre as esferas social e ecológica.

Assim, enquanto a abordagem normativa adota uma postura mais ativista, a abordagem analítica mantém uma perspectiva científica mais próxima das ciências naturais. Se eu fosse um pesquisador em Ecologia Política, provavelmente me alinharia à corrente analítica. Integrar aspectos ecológicos e políticos permite uma análise mais abrangente de conflitos socioambientais, fundamentando conclusões em dados científicos e nos processos biofísicos que realmente moldam os ambientes. Essa perspectiva equilibrada é crucial para garantir que o conhecimento gerado possa dar suporte a decisões politicamente informadas e imparciais que moldam as políticas públicas. Dessa forma, a corrente analítica fornece uma base sólida e abrangente para entender e abordar os desafios ambientais contemporâneos.
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Re: Debates sobre os paradigmas da Ecologia Política.

por Pedro Rdua Soares Pinto -
Boa tarde, professor e demais colegas.

Excelentes leituras. Bom, de início, as principais diferenças que encontrei são que o artigo de Miranda coloca seu foco sobre as disputas políticas por territórios e recursos, tratando o meio ambiente basicamente como uma arena de conflitos e interdependências sociais, com menos ênfase nos aspectos biofísicos.

Do outro lado, temos a corrente de Walker que levanta a questão de que a Ecologia Política contemporânea muitas vezes se distancia da ecologia biofísica, focando-se demasiadamente em questões de poder e política. Portanto, ele questiona essa abordagem e argumenta que é essencial incluir a ecologia biofísica na Ecologia Política, para evitar que o campo se transforme em “política sem ecologia”.

Como estudante e pesquisador, eu me identifico mais com a perspectiva de Walker. Acredito que essa abordagem nos proporciona uma análise mais completa dos conflitos ambientais, que deve considerar tanto as dinâmicas de poder e relações sociais, quanto os impactos físicos sobre os ecossistemas.
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Re: Debates sobre os paradigmas da Ecologia Política.

por Ana Luiza da Silva Moreira -
Boa tarde, professor,

A ecologia política se divide em duas vertentes de estudo e pesquisa: a primeira onde o foco é a ecologia biofísica e às mudanças ambientais (apenas concentrado em trazer política e conhecimento para essa área), já a segunda vertente trata de uma ecologia política mais abrangente onde o objeto/objetivo das pesquisas e atuação é nas diferentes relações que a natureza tem com todo o sistema existente (pessoas, animais, política, educação, saúde, tecnologia, etc.).

Após a leitura compreendi que os focos, uma vez unidos, podem gerar muito crescimento nesta área, onde os interesses humanos (política) se fundem com a natureza (biofísica) e suas múltiplas relações que ela (natureza) possui com o todo (Terra, pessoas, animais, intelecto, saúde, educação, tecnologia, medicina, etc). Porém deve-se haver sim um cuidado ao abranger muito a ecologia política, pois uma parte dela pode ser esquecida, e uma parte que aparentemente não gera tanta visibilidade e talvez não mostre ser relevante/lucrativo - que seria a parte biofísica. Mas hoje o mundo está super interrelacionado devido os avanços tecnológicos, não dá mais para dissociar um assunto tão relevante dessa forma. Por isso, como pesquisadora, me encaixaria na ecologia política pós estrutural.
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Re: Debates sobre os paradigmas da Ecologia Política.

por Felipe da Silva Sena -
Boa tarde, professor!
No texto "Ecologia Política: onde está a ecologia?", Walker distingue duas correntes principais dentro da Ecologia Política: uma mais crítica ou radical e outra mais reformista. A corrente crítica se concentra na análise das relações de poder e das estruturas socioeconômicas que geram desigualdades e exploram os recursos naturais de forma insustentável. Essa vertente está influenciada por teorias como o marxismo e o pós-estruturalismo e vê a crise ambiental como uma consequência direta das dinâmicas de dominação social e econômica, sendo, portanto, necessária uma transformação das estruturas políticas e econômicas para resolver os problemas ecológicos. Já a corrente reformista foca em estratégias mais práticas, centradas na governança ambiental e na implementação de políticas públicas e soluções técnicas que promovam o desenvolvimento sustentável. Embora também preocupada com a preservação ambiental, essa vertente não questiona as bases econômicas e políticas do sistema, limitando-se a propor formas de "gestão" mais eficiente dos recursos.

Então ,eu me encaixaria mais na corrente crítica, pois acredito que os problemas ambientais não podem ser dissociados das questões de poder, desigualdade e exploração econômica.
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Re: Debates sobre os paradigmas da Ecologia Política.

por Raissa Maria da Silva de Souza -
Olá professor, Boa tarde!

Os textos de Walker e Miranda apresentam diferentes abordagens da Ecologia Política. Walker explora duas correntes, sendo elas uma mais estruturalista, onde seu foco é nas grandes forças econômicas e políticas globais que afetam o meio ambiente, onde retrata o impacto do capitalismo e da desigualdade, especialmente nos países periféricos. Já a segunda corrente mencionada por Walker, a abordagem dá ênfase nas histórias e nas lutas simbólicas dos movimentos ambientais, sendo ela chamada de pós-estruturalista, e é criticada por alguns pesquisadores por parecer menos focada em aspectos ecológicos e biofísicos do que na política.
Já a abordagem de Miranda compreende os conflitos ambientais como parte de processos de territorialização e relações de dependência entre diferentes grupos. Ele analisa como os grupos se conectam e se influenciam, formando uma cadeia de interdependências. Para Miranda, os conflitos sobre o uso de recursos não são apenas sobre o que cada grupo quer, mas sim sobre como suas ações se entrelaçam, e criam uma rede de interesses e tensões que transforma o território. Ao pensar nos problemas ambientais, ele procura entender como cada ator age em função do outro, redefinindo o uso dos recursos e o próprio espaço.

Entre as duas abordagens, me identifico com a do Walker descreve na ecologia política, onde busca entender o impacto de sistemas econômicos globais, como por exemplo o capitalismo, nas relações com o ambiente. Essa perspectiva faz mais sentido para mim, devido a compreensão dosproblemas ambientais não apenas como resultado das decisões locais, mas como um reflexo dos desequilíbrios impostos por sistemas políticos, econômicos e de poder, e que já ocorrem há séculos.
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Re: Debates sobre os paradigmas da Ecologia Política.

por Guilherme Martins Lino -
Boa noite gente,

No texto de Walker, ele critica a ecologia política por, muitas vezes, negligenciar o componente ecológico e se focar excessivamente nas questões sociais e políticas. Walker argumenta que, ao se afastar dos elementos ecológicos e naturais, a ecologia política corre o risco de perder sua essência interdisciplinar virando uma ciência política aplicada, mas com poucas conexões com a biologia ou com os estudos ambientais propriamente ditos. Ele propõe que a ecologia política recupere o estudo das interações ecológicas para se consolidar como um campo que equilibra as dimensões sociais, políticas e ambientais em seus debates.
Por outro lado no texto da Miranda, o papel das relações de poder nos processos de territorialização e o uso dos recursos naturais são enfatizados, focando em como esses processos impactam os diferentes grupos sociais, especialmente os mais vulneráveis. Miranda vê a ecologia política como uma ferramenta para compreender a desigualdade na apropriação e no controle dos territórios, ressaltando as consequências sociais e ambientais das decisões políticas. A abordagem da Miranda prioriza o contexto social e territorial das práticas ambientais, buscando destacar as disputas por espaço e recursos naturais em relação direta com os aspectos de justiça e poder.
Embora eu não estude ecologia política com tanto afinco, acredito me encaixar mais com a abordagem mais prática e pragmática, que ao meu ver é a da Miranda, por se alinhar mais à minha visão de mundo. A ideia de compreender as consequências materiais e sociais das relações de poder e territorialização me parece essencial para lidar com questões ambientais de forma concreta e eficaz, pois reflete uma preocupação direta com os impactos para a sociedade e o meio ambiente.
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Re: Debates sobre os paradigmas da Ecologia Política.

por Júlia Ferreira de Albuquerque -
Walker descreve duas principais correntes na ecologia política: a “ecologia política estruturalista” e a “ecologia política pós-estruturalista.” A primeira, que surge nos anos 1980, enfatiza forças econômicas e estruturais globais, como capitalismo e imperialismo, que moldam relações de poder e conflitos sobre recursos naturais. Ela foca em como essas estruturas afetam a degradação ambiental e marginalizam comunidades locais.

Já a abordagem pós-estruturalista, popularizada nos anos 1990, se concentra nas dinâmicas locais e culturais, nas narrativas e identidades que influenciam o acesso e controle de recursos. Essa corrente valoriza o poder relacional e a agência dos atores locais, que reconfiguram suas próprias realidades ambientais.

Me identifico mais com a abordagem pós-estruturalista, que valoriza a complexidade das interações culturais e simbólicas locais. Esse enfoque permite compreender melhor as especificidades contextuais e a agência dos grupos locais, sem ignorar as influências globais.
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Re: Debates sobre os paradigmas da Ecologia Política.

por Douglas Moura Araujo -
Boa tarde, professor e colegas!

Nos textos de Walker e Miranda, os autores abordam duas correntes importantes dentro do debate da ecologia política. A primeira corrente examina como as grandes estruturas econômicas e políticas moldam o uso e o acesso aos recursos naturais. A economia global, as relações de classe e as dinâmicas de poder estão no centro das questões ambientais, pois ajudam a entender por que certas populações acabam mais afetadas pela degradação ambiental, enquanto outras se beneficiam dos recursos. Essa abordagem vê a exploração ambiental como um problema enraizado em sistemas de desigualdade econômica e social que funcionam em escala global. Dessa forma, os problemas ambientais não são vistos isoladamente, mas como resultado de uma rede de relações que favorecem alguns e prejudicam outros.

A segunda corrente traz um olhar mais próximo do cotidiano e das interações locais, buscando entender como cada comunidade e grupo social percebe e se relaciona com o meio ambiente no dia a dia. Essa perspectiva leva em conta as diferenças culturais, os discursos e as identidades que moldam essas relações. O ambiente não é apenas uma questão de uso, mas envolve representações culturais, memórias e valores que cada grupo atribui ao espaço e aos elementos naturais ao seu redor.

A segunda abordagem fez mais sentido para mim. Parece mais conectada com a diversidade de experiências, significados e formas de lidar com o meio ambiente que cada grupo social possui. Além disso, ao considerar as perspectivas culturais e as histórias de cada comunidade, a segunda corrente possibilita uma visão mais profunda e complexa das relações entre pessoas e ambientes, não as reduzindo apenas a questões políticas e econômicas.
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Re: Debates sobre os paradigmas da Ecologia Política.

por Luiz Gustavo dos Santos Pisano da Silva -
Boa noite!

Walker identifica duas correntes na Ecologia Política: uma estruturalista e outra pós-estruturalista. A primeira fala como estruturas sociais e econômicas, como o capitalismo e o colonialismo, influenciam as relações entre poder, política e meio ambiente, com uma visão mais ampla e crítica sobre desigualdades e exploração de recursos. Já a abordagem pós-estruturalista fala sobre construções sociais e culturais do ambiente, analisando como narrativas e discursos moldam nossa percepção e entendimento das questões ambientais.

Particularmente, eu penso mais como a pós estruturalista, justamente por talvez trazer uma visão um pouco mais social.
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Re: Debates sobre os paradigmas da Ecologia Política.

por Roana Maria Medeiros de Gusmao -
Boa noite.

A autora faz distinção entre duas correntes da ecologia política: a primeira estruturalista, que trata da interação entre o homem e o ambiente biofísico em que habitam e como as relações de poder, as práticas capistalistas, a globalização, as desigualdades sociais afetam negativamente esta interação num nível global, causando danos ao sistema. Entretanto, esta corrente foi criticada por seu viés mais determinista, buscando sempre relacionar questões locais como consequências de questões globais. Já a segunda corrente, pós-estruturalista, tem seu foco nas questões ambientais num nível mais local, explorando mais a relação social e cultural com seu espaço local e como essa interação pode influenciar mudanças ambientais. Esta corrente recebe críticas por ser menos focada nas questões ecológicas, e mais focada na política. A ecologia passou a ocupar um segundo plano.


Acredito que a corrente estruturalista faz mais sentido para mim, pois num mundo globalizado, as mazelas causadas pelo capitalismo e a exploração econômica, como pobreza, desigualdades, degradação ambiental e crises econômicas afetam diretamente o ambiente biofísico num nivel global e não devem ser tratadas de maneira isoladas.
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Re: Debates sobre os paradigmas da Ecologia Política.

por Sthery Styll Alves Leite -
Com base nos textos de Walker (2005) e Miranda (2012) sobre Ecologia Política, pode-se observar duas principais abordagens que influenciam os estudos e práticas nesta área. A corrente estruturalista analisa como estruturas socioeconômicas e políticas globais impactam o meio ambiente, enfocando os efeitos de sistemas como o capitalismo e o colonialismo na degradação ambiental e nas desigualdades. Por outro lado, a abordagem pós-estruturalista dá ênfase às narrativas locais e culturais, explorando como as percepções e identidades moldam as interações dos grupos com o ambiente.

Pessoalmente, eu me identifico mais com a corrente estruturalista. Essa abordagem me parece valiosa, pois reconhece que, em um mundo globalizado, os impactos ambientais são consequências de forças estruturais e sistêmicas. Ou seja, o foco não está apenas nas ações individuais ou locais, mas em repensar os sistemas globais que geram desigualdades e degradação ambiental Essa perspectiva me parece mais alinhada ao entendimento das complexas relações entre poder, cultura e ambiente, essencial para enfrentar os desafios socioambientais atuais de maneira eficaz.
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Re: Debates sobre os paradigmas da Ecologia Política.

por Gabriel Lobo de Sant`Anna -
A primeira corrente se fundamenta em análises mais estruturais e sistêmicas, trazendo uma visão global, muitas vezes ligada às bases marxistas, que enxergam o capitalismo como o principal motor das crises socioambientais. A segunda corrente é mais voltada à resolução de problemas específicos, aplicando o conceito de justiça ambiental em contextos locais e cotidianos.
Acredito que minha identificação estaria mais próxima da primeira corrente crítica e teórica. Pois, para mim, é impossível desvincular os problemas ambientais das relações de classes e do sistema capitalista. A exploração predatória dos recursos naturais, a apropriação desigual dos territórios e as injustiças ambientais sofridas, especialmente pelas populações mais vulneráveis (trabalhadores rurais, indígenas, quilombolas e moradores das periferias urbanas) são exemplos diretos das consequenciais dos pensamentos de acumulação capitalista. o que permite questionar a estrutura econômica global e defender alternativas mais justas.

Portanto, minha posição na Ecologia Política seria guiada pela compreensão de que é impossível dissociar justiça ambiental de justiça social e que a transformação do sistema capitalista é a chave para enfrentar as contradições ecológicas do nosso tempo.