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Wania Clemente

Wania Clemente

Mensagem enviada por Wania Clemente

Olá, Matheus Penna! Percorremos hoje por mais uma das transições sociais que transformam a sociedade ao longo dos tempos, a internet. Inquestionavelmente a influência do digital na atualidade é gigantesca e muito disso vem, de fato, da internet.

Sabemos que qualquer informação pode ser obtida instantaneamente, na qual os dados são atualizados a todo segundo. A internet fez o cidadão potencialmente sujeito comunicador. Ele não só passou a ter um acesso maior à informação como pode participar dela diretamente, opinando, compartilhando, publicando e interagindo ao mesmo tempo em que assiste a uma live, por exemplo.

Para compreender este processo, é preciso não só entender as mudanças da própria sociedade, sejam estas no seu modo de agir, pensar e se relacionar, mas também a ‘evolução dos dispositivos’ que propuseram e/ou fizeram parte dessas modificações.

Castells (1999) * define bem esse processo de mudança da sociedade dizendo que se encerrou uma revolução tecnológica, com base na informação que transformou o pensar, o produzir, o negociar, o comunicar, viver, morrer, fazer guerra e fazer amor; demonstrando configurações monumentais que se procederam e influenciaram a Era da Informação e do Digital, institucionalizando o que é a sociedade, hoje.

De certa forma, o uso da internet depende do usuário e chega a ser impossível não reconhecer os benefícios para a sociedade, mas é preciso ficar alerta ao ‘bicho papão’ que pode estar escondido no sombrio mundo das redes. É preciso tomar cuidado para não ser engolido por ele, por mais que pareça fascinante.

O novo marco comunicativo é denunciado como algo, superficial e irreflexivo, exatamente como abordado por você. Mas, confesso que não consigo conceber a Web como uma ferramenta de comunicação perniciosa, que enfraquece a forma como a conhecemos, mas a única resposta que a Humanidade encontrou até agora para enfrentar um novo fenômeno: o excesso de conhecimento disponível.

Um abraço, prof. Wânia Clemente

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* CASTELLS, M. 1999. A Era da Informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

Olá, Lucas, Vanessa e Débora! Vocês trouxeram para o debate uma questão central: como a Internet ‘molda’ a maneira como percebemos o mundo e como interagimos uns com os outros?

Exatamente, Lucas. Uma bolha, no contexto digital, é um ambiente fechado onde as pessoas são expostas principalmente a ideias, notícias e opiniões que reforçam as suas próprias crenças, criando uma espécie de "câmara de eco". Isso pode levar a uma série de distorções, tanto na forma como percebemos a realidade quanto nas nossas relações sociais.

Quando estamos imersos em uma bolha, o risco é justamente o de pensar que a diversidade de opiniões não existe ou é irrelevante — o que é um grande equívoco. “Na realidade, ao nos depararmos com outras pessoas, percebemos que elas vivenciam realidades e expressam opiniões extremamente diferentes, até mesmo em contextos sociais semelhantes ao nosso.” (Lucas).

Um dos efeitos mais poderosos dessas bolhas é a sensação de que todos ao nosso redor pensam da mesma forma que nós. Isso pode ocorrer por diversos motivos, como algoritmos de recomendação que favorecem conteúdos semelhantes aos que já consumimos, o que faz com que a nossa visão de mundo se torne cada vez mais estreita e unidimensional. Quando estamos imersos em uma bolha, o risco é justamente o de pensar que a diversidade de opiniões não existe ou é irrelevante — o que é um grande equívoco.

“(...) acho que a forma como está moldando as personalidades é o que mais afeta atualmente” (Débora).  Concordo, a internet e seus algoritmos estão, sem dúvida, moldando as personalidades das pessoas de maneiras profundas e sutis. O modo como interagimos com as plataformas digitais e o conteúdo que consumimos estão afetando nossos comportamentos, valores, relações e até mesmo a forma como nos percebemos e nos relacionamos com o mundo.

As pessoas que estão em uma bolha tendem a ver os outros, aqueles que não compartilham das mesmas ideias, como "estranhos", "inimigos" ou até mesmo como pessoas que "não entendem". Isso pode radicalizar posições, dificultar o diálogo e aumentar a polarização com "discursos de ódio que são encontrados de forma clara e direta em redes sociais como o Twitter e o Instagram." (Vanessa).

Porém, devemos ter o cuidado para não nos permitirmos ser moldados em diversos aspectos pela presença da internet de forma excessiva no nosso dia a dia. “(Vanessa). Justamente, a chave para uma personalidade mais autêntica e equilibrada é cultivar a consciência crítica sobre como os algoritmos estão nos influenciando e buscar uma relação mais reflexiva com o que consumimos e compartilhamos online. Somos nós que escolhemos como navegar nesse ambiente digital, portanto somos responsáveis por nossas escolhas.

Um abraço, prof. Wânia Clemente

 

Olá, Lara! Você tocou em um ponto interessante. A internet, de fato, tem essa capacidade de "encurtar" o espaço-tempo. A comunicação instantânea, o acesso a informações em tempo real e a facilidade de conectar pessoas de diferentes partes do mundo dão a impressão de que as distâncias, tanto físicas quanto temporais, desapareceram. A velocidade com que as notícias e acontecimentos se espalham também faz com que o tempo pareça comprimido, como se tudo estivesse acontecendo ao mesmo tempo ou em um fluxo contínuo e imediato.

Por outro lado, essa sensação de compressão pode ser uma ilusão, especialmente quando nos damos conta de que, apesar de estarmos mais conectados do que nunca, a profundidade e o real entendimento das coisas podem se perder. Isto pode gerar a falsa sensação de que estamos realmente no controle do tempo, quando, na realidade, estamos cada vez mais desatentos ao seu verdadeiro fluxo, em busca de mais interações, mais estímulos, mais novidades...

Você trouxe um exemplo interessante para o debate: as reações da Vanessa Lopes no programa BBB-24. Ela começou a questionar o que era de fato real, quando estava confinada na casa. A mente da ex-bbb rompeu com a realidade.

Na minha opinião, a internet tem a capacidade de criar uma percepção distorcida da realidade, fazendo com que as pessoas se sintam, ao mesmo tempo, hiperconectadas, porém, isoladas. É possível que a Vanessa tenha sentido falta da interação virtual, da conexão e da velocidade da informação. Isso pode ter contribuído para uma possível sensação de vazio e disruptura da real situação do confinamento.

Então, creio que sim, a internet pode ser tanto uma benesse quanto uma maldição, dependendo da maneira como a usamos e da nossa capacidade de lidar com possíveis ilusões que ela cria. É uma tecnologia que pode tanto aproximar quanto distanciar e que, seguramente, não substitui a profundidade das conexões humanas reais, não é mesmo?

Um abraço, prof. Wânia Clemente

Oi, Larissa! Há alguns anos entramos em uma nova era, a era da Internet, com uma nova cultura claramente distanciada da cultura contemporânea dos séculos XIX e XX, e vivemos o momento da maior mudança social de toda humanidade. Hoje as tecnologias estão permitindo imensas possibilidades de realização de uma diversidade de práticas verdadeiras ou falsas (‘fake news’ ) para o bem ou, lamentavelmente,  para o mal.

Os alunos de hoje - do jardim de infância à universidade - representam as primeiras gerações que cresceram com essa nova tecnologia. Eles passaram a vida inteira cercados e usando computadores, videogames, smartphones e demais ferramentas da era digital.

Está claro que, como resultado desse ambiente onipresente e de grande interação com ele, os estudantes de hoje pensam e processam as informações de maneiras fundamentalmente diferentes de seus pais. Essas diferenças vão muito mais longe e mais profundamente do que a maioria dos pesquisadores sabe ou suspeita.

Enfim, é possível concluir que existem inúmeras pesquisas ainda a serem divulgadas, e que, atualmente, se vivencia uma verdadeira transição de paradigmas inerentes à inclusão dos bits em grande escala no cotidiano de todos.

Um abraço, prof. Wânia Clemente

 

Oi, Mateus Velasco! Você tocou em um ponto extremamente sensível: uso da internet com a finalidade de transmitir o ódio. Lamentavelmente as redes sociais facilitam as agressões psicológicas tornando-as práticas corriqueiras, compartilhadas e replicadas de modo exponencial entre adolescentes e jovens, promovendo um dano bem maior do que as agressões física.

Compreendo seus argumentos e compartilho do seu ponto de vista. Às vezes a única coisa que parece ter se tornado global, no final, é a sensação de que quase todos nós perdemos com o avanço da tecnologia da comunicação e informação.

Você trouxe em sua postagem consequências do uso excessivo, inapropriado e negativo da Rede, que concordo plenamente. Mas, proponho que também considere que a Internet não é apenas mais um mundo virtual, é uma dimensão ampliada da realidade que permeia nossas vidas, já faz parte do nosso dia a dia! Ou seja, trabalhamos, socializamos, convivemos, compartilhamos, informamos, negociamos e comunicamos por meio dessa plataforma global e multifacetada. Não há como voltar atrás - sobretudo com a transformação digital da tecnologia 4G e a promessa do potencial das Redes 5G - e dar as costas a um futuro em que trilhões de dispositivos serão permanentemente conectados à rede, entre drones, carros autônomos, mercados, lâmpadas, sua geladeira e qualquer outra coisa.

Podemos dizer sem medo de errar, que em poucos anos a perspectiva de abrir fronteiras e o fascínio de se conectar com o distante foram virados de cabeça para baixo. A Web prometeu horizontalidade, mas frequentemente gera movimentos de ‘ansiedade', 'alta intensidade' e 'curtíssima duração.

Porém, de outro ponto de vista, as tecnologias digitais, associadas à globalização socioeconômica e cultural, promovem a certeza do que ganhamos: mais informação e diversão diversificada, espaços de debate e participação, acesso a bens, mensagens e serviços não disponíveis até então.  

Nesta direção, setores se reinventam e vencem batalhas parciais por meio das redes sociais: por direitos humanos, pela igualdade de gênero, contra a destruição ecológica, contra a guerra da Ucrânia e do território Palestino. Acredito que movimentos como “#MeToo”, "#Nemumamenos", ”#MexeuComUmaMexeuComTodas ou colaborações em pesquisas científicas e experiências artísticas à distância podem ser exemplos de "convergência de virtudes da internet", você não acha?

Um abraço, prof. Wânia Clemente