Eu vejo as redes sociais digitais como peças fundamentais no fenômeno do ciberativismo, especialmente quando pensamos no Brasil. Elas ampliaram o alcance das mobilizações e deram voz a cidadãos comuns, tornando a participação política mais acessível e democrática. No ambiente digital, qualquer pessoa pode levantar uma causa, compartilhar sua opinião e mobilizar outras pessoas, sem depender dos meios de comunicação tradicionais, que muitas vezes filtram ou limitam a pluralidade de discursos.
No entanto, as redes sociais também trazem desafios complexos para o ciberativismo, como a desinformação e o discurso de ódio. A rapidez com que informações se espalham facilita o compartilhamento de notícias falsas e manipuladas, o que pode distorcer o debate público e gerar desconfiança nas instituições. Além disso, o ambiente digital pode se tornar uma arena de polarização, desviando o foco das demandas legítimas e, em alguns casos, até desestimulando a participação.
As Jornadas de Junho de 2013 foram um exemplo marcante da influência do ciberativismo na sociedade brasileira. As redes sociais foram essenciais para articular e divulgar as pautas dos protestos, que começaram com o aumento das tarifas de transporte em São Paulo e rapidamente se expandiram para outras demandas sociais e políticas. Mas, embora tenham sido um marco de mobilização, as Jornadas também enfrentaram limitações. A falta de uma liderança clara e a diversidade de pautas geraram um efeito manada, que em muitos momentos prejudicou a coerência do movimento. Esse fenômeno de adesão sem orientação central já existia antes da internet, mas as redes sociais intensificaram essa dinâmica, expondo o movimento a interpretações variadas e até manipulações.