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MARCOS DE REFERÊNCIA CONCEITUAL

Olá pessoal,

Chegamos na nossa aula 9 já com alguns temas apresentados (e debatidos) com profundidade graças à participação de vocês. São estes: globalização, internet, práticas de consumo e, mais recentemente, o comércio eletrônico (e-commerce). Agora, é a hora de discutirmos os impactos das redes sociais neste processo.
 

É muito comum os teóricos dividirem a história da internet em eras, que refletem não apenas o desenvolvimento histórica dessa tecnologia mas também o grau de engajamento dos internautas. Em seus primórdios (vide o vídeo exibido na aula 8), a internet surge como a interconexão em rede de microcomputadores ao longo do globo impulsionada pelos navegadores (browsers) instalados em mainframes, PCs e notebooks em empresas privadas, órgãos públicos, universidades e residências. Trata-se da Web 1.0, baseada no "modelo www" desenvolvido por Tim Berners-Leeem 1991, e eternizado por ferramentas de busca desenvolvida por empresas como Google, Yahoo, Altavista, Bing e outras.

 

O termo Web 2.0 (também conhecida como Web Social) foi criado por Tim O'Reilly em 2005 para caracterizar o incremento da participação e interação entre os internautas. Seus marcos de surgimento são as mídias sociais e a s redes sociais, por intermédio do desenvolvimento de ferramentas como Orkut, Facebook, YouTube, BloggerWordpress, Twitter, Instagram, Tumblr, Pinterest e inúmeras outras. Atualmente, vive-se um momento de expansão da Web Social graças aos telefones celulares e demais dispositivos móveis, que tornam ubíqua a participação dos internautas nestas plataformas por intermédio de posts, comentários, curtidas, marcações de fotos, compartilhamento de conteúdo, etc.
 

Atualmente, há um grande debate entre os pesquisadores das tecnologias digitais acerca da nova era da internet e seus marcos de referência. Para estes, estaríamos na era da Web 3.0 (também conhecida como Web Semântica), e seu marco tecnológico de referência seria as tecnologias ditas "vestíveis" acessadas pelo usuário via interfaces de voz. A ponta do iceberg desta transformação radical seria representada pelos smartwatches (relógios "inteligentes"), cujo produto icônico é o Apple Watch. Mas isso é assunto que abordarei nas próximas aulas...

 

Voltando ao tema da nossa aula, uma definição dos conceitos torna-se crucial para que possamos navegar nesse mar de ideias. Pode-se definir as mídias digitais como plataformas de transmissão de conteúdo (imagens, sons, textos e outros) onde o suporte físico praticamente desaparece, já que estes dados são transformados em bits capazes de serem transmitidos em escala global. Neste sentido, contrapõem-se às mídias analógicas (ou tradicionais) como o jornal, a revista impressa, o livro, o disco de vinil, cuja base era a sua materialidade e concretude.

 

Esse imenso espaço digital composto por sons, imagens, vídeos, textos e outros fragmentos (estruturados ou não) de informação constituem o que os teóricos das tecnologias digitais denominam de ciberespaço: "um espaço de interação criado no fluxo de dados digitais em redes de computadores; virtual por não ser localizável no espaço, mas real em suas ações e efeitos" (Luís Mauro Sá Martino. Teoria das Mídias Digitais, Petrópolis: Editora Vozes, 2014). Os produtos simbólicos daí existentes seriam o marco de referência da cultura digital (também chamada de cibercultura, um termo bastante popular nessa área de estudos).

 

Por fim, para encerramos os marcos de referência conceitual da nossa aula, é preciso definir o que se convencionou chamar de rede social. Basicamente, o homem é um ser social onde grande parte de sua existência ocorre em grupos de diferentes tamanhos e propósitos, e que proporcionam um espaço de interações, trocas de opiniões, discussões e suporte social. Logo, é natural que os indivíduos organizem suas vidas ao longo desses espaços de sociabilidade onde tais trocas possam acontecer. Tais redes podem ser micro ou macrossociais, sendo as mais comuns a família, o grupo de amigos, os colegas de escola, universidade e trabalho, chegando até participação em grupos mais amplos como no caso de movimentos da sociedade civil organizada.

 

Visto por esse ângulo, as redes sociais são imanentes à experiência humana e a necessidade de reunir-se em grupo para a troca de informações, opiniões, pontos de vista, ou até mesmo se divertir, conversar e relaxar seria uma condição a priori de nossa identidade. As plataformas de relacionamento social proporcionadas pelas mídias digitais deram origem às redes sociais digitais, entendidas aqui como espaços virtuais de compartilhamento de conteúdos, de diálogo e debate (por vezes bastante inflamados!), de lazer e entretenimento, ou de conversa, relaxamento e bate-papo puro e simples.

 

A diferença entre as redes sociais tradicionais e as redes sociais digitais, além da plataforma digital que apoia essas últimas, seria a sua abrangência. Nas primeiras, os seus nós seriam compostos majoritariamente por contatos estabelecidos face-a-face, e acessados com frequência regular. Nas últimas, tais plataformas possibilitam que os indivíduos interajam com pessoas de outros localidades, países e línguas diferentes, em interações síncronas e assíncronas, relativizando a necessidade de interações face-a-face como base para toda e qualquer experiência de sociabilidade. Dessa maneira, as redes sociais digitais ampliariam de sobremaneira as interações humanas para além das fronteiras físicas tradicionais.

Apresento a seguir um vídeo que ilustra a curta (mas fecunda) história das redes sociais:

Em resumo, enquanto as mídias sociais digitais seriam as plataformas (meios de troca) que possibilitariam tais interações, as redes sociais digitais seriam o coletivo virtual composto por esses espaços de sociabilidade, bem como os seus conteúdos.

Não deixem de ler o texto que complementa a nossa aula 9.

Abraços a todos