Olá pessoal,
É muito comum os teóricos dividirem a história da internet em eras, que refletem não apenas o desenvolvimento histórica dessa tecnologia mas também o grau de engajamento dos internautas. Em seus primórdios (vide o vídeo exibido na aula 8), a internet surge como a interconexão em rede de microcomputadores ao longo do globo impulsionada pelos navegadores (browsers) instalados em mainframes, PCs e notebooks em empresas privadas, órgãos públicos, universidades e residências. Trata-se da Web 1.0, baseada no "modelo www" desenvolvido por Tim Berners-Leeem 1991, e eternizado por ferramentas de busca desenvolvida por empresas como Google, Yahoo, Altavista, Bing e outras.
Atualmente, há um grande debate entre os pesquisadores das tecnologias digitais acerca da nova era da internet e seus marcos de referência. Para estes, estaríamos na era da Web 3.0 (também conhecida como Web Semântica), e seu marco tecnológico de referência seria as tecnologias ditas "vestíveis" acessadas pelo usuário via interfaces de voz. A ponta do iceberg desta transformação radical seria representada pelos smartwatches (relógios "inteligentes"), cujo produto icônico é o Apple Watch. Mas isso é assunto que abordarei nas próximas aulas...
Voltando ao tema da nossa aula, uma definição dos conceitos torna-se crucial para que possamos navegar nesse mar de ideias. Pode-se definir as mídias digitais como plataformas de transmissão de conteúdo (imagens, sons, textos e outros) onde o suporte físico praticamente desaparece, já que estes dados são transformados em bits capazes de serem transmitidos em escala global. Neste sentido, contrapõem-se às mídias analógicas (ou tradicionais) como o jornal, a revista impressa, o livro, o disco de vinil, cuja base era a sua materialidade e concretude.
Esse imenso espaço digital composto por sons, imagens, vídeos, textos e outros fragmentos (estruturados ou não) de informação constituem o que os teóricos das tecnologias digitais denominam de ciberespaço: "um espaço de interação criado no fluxo de dados digitais em redes de computadores; virtual por não ser localizável no espaço, mas real em suas ações e efeitos" (Luís Mauro Sá Martino. Teoria das Mídias Digitais, Petrópolis: Editora Vozes, 2014). Os produtos simbólicos daí existentes seriam o marco de referência da cultura digital (também chamada de cibercultura, um termo bastante popular nessa área de estudos).
Por fim, para encerramos os marcos de referência conceitual da nossa aula, é preciso definir o que se convencionou chamar de rede social. Basicamente, o homem é um ser social onde grande parte de sua existência ocorre em grupos de diferentes tamanhos e propósitos, e que proporcionam um espaço de interações, trocas de opiniões, discussões e suporte social. Logo, é natural que os indivíduos organizem suas vidas ao longo desses espaços de sociabilidade onde tais trocas possam acontecer. Tais redes podem ser micro ou macrossociais, sendo as mais comuns a família, o grupo de amigos, os colegas de escola, universidade e trabalho, chegando até participação em grupos mais amplos como no caso de movimentos da sociedade civil organizada.
Visto por esse ângulo, as redes sociais são imanentes à experiência humana e a necessidade de reunir-se em grupo para a troca de informações, opiniões, pontos de vista, ou até mesmo se divertir, conversar e relaxar seria uma condição a priori de nossa identidade. As plataformas de relacionamento social proporcionadas pelas mídias digitais deram origem às redes sociais digitais, entendidas aqui como espaços virtuais de compartilhamento de conteúdos, de diálogo e debate (por vezes bastante inflamados!), de lazer e entretenimento, ou de conversa, relaxamento e bate-papo puro e simples.
A diferença entre as redes sociais tradicionais e as redes sociais digitais, além da plataforma digital que apoia essas últimas, seria a sua abrangência. Nas primeiras, os seus nós seriam compostos majoritariamente por contatos estabelecidos face-a-face, e acessados com frequência regular. Nas últimas, tais plataformas possibilitam que os indivíduos interajam com pessoas de outros localidades, países e línguas diferentes, em interações síncronas e assíncronas, relativizando a necessidade de interações face-a-face como base para toda e qualquer experiência de sociabilidade. Dessa maneira, as redes sociais digitais ampliariam de sobremaneira as interações humanas para além das fronteiras físicas tradicionais.
Apresento a seguir um vídeo que ilustra a curta (mas fecunda) história das redes sociais:
Em resumo, enquanto as mídias sociais digitais seriam as plataformas (meios de troca) que possibilitariam tais interações, as redes sociais digitais seriam o coletivo virtual composto por esses espaços de sociabilidade, bem como os seus conteúdos.
Não deixem de ler o texto que complementa a nossa aula 9.
Abraços a todos